A aprendizagem baseada em projetos (ABP) é uma metodologia de ensino fundamentada na crença de que alunos aprendem melhor por meio de práticas e experiências ativas. Essa abordagem costuma gerar nos estudantes o lado crítico, criativo e colaborador – tudo ao mesmo tempo.
A função da aprendizagem baseada em projetos é transformar o ensino mais real e atrativo, sem impor os conteúdos de forma passiva aos alunos. Na execução dos projetos, fica explícita a possibilidade de mobilizar diferentes áreas do conhecimento para atingir os objetivos traçados e resolver os problemas que surgem.
Para a pesquisadora e especialista em metodologia baseada em projetos, Renata Perrenoud, essa abordagem faz o aluno colocar a mão na massa, desenvolvendo competências tão exigidas hoje no mercado. “Isso motiva e engaja o aluno no seu processo de aprendizagem”, diz Perrenoud.
Devido a esses resultados, muitas instituições de ensino utilizam a técnica dentro e fora da sala de aula.
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No colégio Farroupilha, em Porto Alegre (RS), as crianças têm a oportunidade de aprender com atividades práticas do primeiro ano escolar ao ensino médio. O projeto Guardiões da Natureza levou alunos do nível 4E a laboratórios e pomares para conhecerem árvores nativas e aprender a transformar óleo de cozinha em sabão.
Já o colégio Elvira Brandão em São Paulo (SP), promove uma exposição anual dos projetos dos alunos.
Uma iniciativa do Instituto Sidarta e do Itaú Social mostra os benefícios de uma metodologia ativa. Pesquisa feita com alunos do 5° ano do ensino fundamental de duas escolas municipais de Cotia (SP) apontou que eles apresentaram evolução média de 1,3 de escolaridade em conceitos matemáticos. Em apenas 10 dias.
Isso foi possível após participarem de um curso de férias do Programa Mentalidades Matemáticas, em janeiro de 2020. A metodologia empregada no curso de férias propõe um ensino da matemática de forma aberta, criativa e visual. O Itaú Social estuda levar a experiência para outros lugares no Brasil, transformando-a em uma tecnologia social para redes públicas.
Desafio para os professores
Doutora em educação pela USP e coordenadora do curso de Tecnologia em Design Educacional pela Unifesp, Paula Carolei explica que os profissionais que trabalham por projetos conseguem mais facilmente unir ensino, pesquisa e extensão.
Mas nem todos conseguem ou pensam em utilizar a aprendizagem baseada em projetos em sala de aula. “Os profissionais podem sair do paradigma da “aula” e transformar a ação didática em algo que contribui para a comunidade e até para a sociedade”, afirma.
Isso ocorre, segundo Carolei, porque as pessoas aprenderam de forma tradicional e com disciplinas separadas. “O conceitual primeiro e depois, talvez uma aplicação com aulas mais práticas.” Além disso, a necessidade de controle e da antecipação de tudo também é um fator que prejudica os professores.
Na abordagem por projeto, muitas vezes o professor tem que “pesquisar junto com o aluno, ajudá-lo a problematizar e aprofundar”. “Dá muito mais trabalho e é muito mais instável”, reconhece Paula Carolei.
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No livro “Aprendizagem baseada em projetos: educação diferenciada para o século 21”, William N. Bender fala que a metodologia exige que o professores desenvolvam outras habilidades.
“Em vez de servirem como fornecedores de informações, na ABP os professores devem atuar como facilitadores e orientadores educacionais, à medida que os alunos avancem em suas atividades de projeto.”
Publicado pela editora Penso, o livro explora a aprendizagem baseada em projetos como abordagem de ensino diferenciado, com base em aplicações atuais da tecnologia na sala de aula. Bender deixa claro que ensinar através de projetos requer muita resiliência dos professores, os alunos provavelmente não a acertarão de primeira e nem todos reagirão da mesma forma.
O importante é adaptar a ABP, de alguma forma, à realidade escolar.
Elaborar uma atividade de projeto pode parecer algo complicado e demorado. Mas, depois, será possível perceber que o tempo usado para planejar a atividade é consideravelmente menor do que o tempo para trabalhar o projeto com os alunos.
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