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Brasil serve de inspiração para modelo de EAD no México

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Buscando um modelo integrador, a Aliat investiu na qualidade dos polos físicos. Crédito: Universidade Tecnológica de México/divulgação.

As universidades latinoamericanas estão vivendo um movimento de modernização conceitual e tecnológica. Os cursos EAD no México são exemplo disso. A principal inspiração para a nova fase é o modelo utilizado no Brasil. O sistema nacional foi escolhido como referência em razão dos bons resultados colhidos nos últimos anos. Em 2016, por exemplo, a modalidade brasileira registrou 1,4 milhão de alunos – um crescimento de 10,5% na comparação com 2006, de acordo com o último Censo da Educação Superior.

No México, pouco mais de 21% da população com idade entre 25 e 34 anos têm ensino superior completo, segundo o relatório anual para a educação da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O perfil dos alunos mexicanos é semelhante ao encontrado no Brasil. Em geral, eles precisam se dividir entre a graduação, o trabalho e as responsabilidades familiares. É justamente esse público que o ensino a distância visa atender.

O EAD no México não é propriamente uma novidade – já soma, pelo menos, meio século. Em 1968, o governo adotou o ensino a distância para absorver a alta demanda de alunos. O ensino era conduzido por canais de televisão. As chamadas “telesecundarias”, conhecidas também como “tele-escolas”, consistiam em cursos assistidos em sala de aula. A rigor, as crianças aprendiam as matérias comuns do currículo, como matemática e geografia, só que por meio de vídeos na TV. O recurso deveria ser utilizado de modo provisório. Mas segue vigente até hoje.

Apesar das críticas dos especialistas, as tele-escolas formaram, no país, a base dos processos de EAD como conhecemos hoje. Entretanto, as novas demandas educacionais exigem a atualização das práticas. Daí a implementação dos polos regionais de EAD no México.

Ambiente de interação

Uma determinação do Ministério da Educação (MEC), em junho passado, regulamentou a obrigatoriedade de polos regionais para instituições de ensino a distância no Brasil.

“A criação dos polos foi uma medida imposta ao Brasil para frear a expansão das instituições, mas acabou tendo o efeito reverso e dando muito certo”, avalia Bruno do Val Jorge, especialista em administração de negócios e marketing digital pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). De fato, o número de núcleos regionais cadastrados no MEC cresceu 85% apenas no segundo semestre de 2017 – passando de 7,1 mil para 13,2 mil.

Esses polos educacionais são ambientes físicos que oferecem recursos pedagógicos e administrativos necessários aos estudantes – como bibliotecas, laboratórios e espaços de tutoria. A implementação deles ajuda a dar credibilidade ao modelo EAD e facilita as relações interpessoais.

“Com o contato mais próximo entre aluno, professor e instituição, o índice de retenção cresceu. O estudante sabe que tem colegas de turma, professores e pessoas com quem ele pode interagir”, ressalta Val Jorge.

Do ponto de vista gerencial, porém, a criação de um polo físico torna a operação mais cara do que no modelo estritamente online, devido às demandas de infraestrutura, mão de obra e manutenção.

A tarefa de montar uma estrutura desse tipo também exige adaptações pedagógicas, relacionadas à mudança do sistema full online para o modelo integrador. Por isso, algumas das principais universidades vêm contratando executivos brasileiros para conduzir a atualização do EAD no México. “Os brasileiros são mais disciplinados. Acho que nossa grande contribuição tem sido essa: levar disciplina ao método”, avalia o especialista da FGV.

Ao importar capital humano para atuar em nível de consultoria, as IES mexicanas se apropriam da expertise e do conhecimento prático de um mercado mais maduro no cenário do EAD – como fez a Aliat Universidades. Controladora de oito IES, a Aliat iniciou a construção de polos regionais e adotou uma gestão que prioriza a qualidade do conteúdo disponibilizado como chave para o processo de formação discente.

A filial do Sistema de Educação Continuada a Distância, o Secad, percorreu caminho semelhante quando, em 2015, instalou no México seus programas de atualização profissional em áreas da medicina como cirurgia, pediatria e dermatologia.

Outra instituição que seguiu esse percurso é a rede Laureate. Responsável pela operação da Universidad del Vale de Mexico (UVM) e da Universidad Tecnológica de México (UNITEC), a empresa tem buscado migrar do EAD totalmente online para o modelo de integração com polos presenciais.

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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