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Como atuam os cursos EAD mais bem avaliados no Enade

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Quase metade dos cursos EAD tem notas insatisfatórias no Enade. Mas há ilhas de excelências, como a graduação em Pedagogia da Universidade do Sagrado Coração (USC). Crédito: divulgação/USC.

Quando as notas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) foram divulgadas, em outubro passado, o então ministro da Educação Rossieli Soares fez uma ressalva sobre a modalidade EAD: “Temos que acompanhar a questão da qualidade. Tivemos uma concentração no Conceito 3, que é razoável, mas também no Conceito 2, que é um alerta.”

Pudera: no total, 45,7% dos cursos de educação a distância registrou desempenho 1 e 2 – o que, segundo a metodologia do Enade, classifica-os como insatisfatórios em qualidade. Apenas 14,8% dos cursos de EAD alcançaram conceitos máximos, conforme abaixo:

EAD no Enade 2017

  • Conceito 1: 6,3% dos cursos
  • Conceito 2: 39,4%
  • Conceito 3: 39,6%
  • Conceito 4: 12,4%
  • Conceito 5: 2,4%

Leia mais: Enade: por que os cursos de EAD têm pior nota que os presenciais

As ilhas de excelência na EAD

Quando se trata da formação de professores, o percentual de excelência é ainda mais baixo: apenas 0,5% dos cursos EAD de licenciatura alcançaram Conceito 5 no Enade 2017. É o caso da graduação em Pedagogia da Universidade do Sagrado Coração, de Bauru (SP).

“Nosso diferencial são os professores competentes e titulados, sendo 95% de mestres e doutores”, diz a irmã Ilda Basso, vice-reitora e pró-reitora acadêmica da instituição. “Outro fator é que possibilitamos, por meio de recursos tecnológicos e de comunicação, uma maior interação com os estudantes.”

Só há um porém: somente dois alunos foram avaliados pelo Enade na Pedagogia da Sagrado Coração.

“O número de estudantes de um curso tem impacto direto sobre a nota”, ressalta Fernanda Furuno, co-fundadora do Guia EAD Brasil.

“Mas o baixo número de estudantes também é normal. Muitos cursos ainda estão formando as primeiras turmas, que naturalmente podem começar pequenas”, acrescenta ela, também especialista na adoção de soluções educacionais do Grupo A Educação.

Leia mais: EAD: como pequenas IES podem se diferenciar dos grandes grupos

A graduação EAD em Letras do Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau), por exemplo, é um desses cursos recentes. No Enade, apenas sete alunos participaram. O curso teve Conceito 4.

“Acreditamos que o Enade é o próprio curso, visto que a portaria do exame é construída através das DCNs (Diretrizes Curriculares Nacionais) e é também através dela que construímos nosso projeto pedagógico”, diz Simone Bérgamo, diretora acadêmica do Grupo Ser Educacional – formado por instituições como a Uninassau.

“Para o Enade, especificamente, trabalhamos a conscientização e a motivação”, ressalta Bérgamo.

O exame é trabalhado da mesma forma pela Universidade Anhembi Morumbi, cujo curso EAD de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação recebeu Conceito 5. Lá, professores e tutores acompanham o desenvolvimento dos estudantes desde o ingresso até a realização do Enade.

“Para atividades e avaliações das disciplinas no correr do curso são desenvolvidas questões, de padrão Enade, para que os estudantes já tenham experiência com a avaliação”, explica Osório Couto Júnior, coordenador do curso.

Alunos da Anhembi Morumbi ainda podem participar do Laureate Digital, que é uma comunidade virtual disposta a discutir assuntos relacionados ao Enade, acompanhar cronogramas e encontrar atividades-extras.

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Qualidade deve acompanhar expansão

Em 2017, a educação a distância cresceu 17,6% em relação ao ano anterior – o maior salto desde 2008. De acordo com a última edição do Censo EAD, publicado pelo Ministério da Educação (MEC), são 1,8 milhão de alunos – o que equivale a 21,2% do total de matrículas em todo o ensino superior brasileiro.

Com a modalidade em expansão, também cresce a exigência. “É preciso manter o nível de qualidade que buscamos nos materiais, professores e tutores, disponibilizando metodologias que tirem o aluno da passividade, tornando-o protagonista da própria aprendizagem”, diz Simone Bérgamo, da Ser Educacional.

Couto Júnior, da Anhembi Morumbi, defende o desenvolvimento de práticas pedagógicas que não privilegiam apenas a aquisição de conteúdos curriculares. “É preciso trabalhar constantemente o diálogo com o estudante e diminuir a distância transacional.”

Ele ainda afirma que o engajamento não deve vir só do aluno, mas também da equipe pedagógica. “Assim, pode ocorrer contribuições que agreguem novos conhecimentos e o estudante consegue aprender de forma prazerosa.”

Leia mais: As graduações mais procuradas em 2018. E o que prometem para 2019

O que é o Enade

O Enade, em forma de prova, é realizado todos os anos pelo MEC. É um exame de avaliação do conhecimento, das competências e das habilidades dos alunos prestes a se formar no ensino superior presencial e a distância – em instituições públicas e privadas.

O exame também serve como ferramenta de avaliação de qualidade dos cursos. As notas da prova vão de 1 a 5 (da pior para a melhor). O resultado é divulgado nos meses de outubro e novembro do ano seguinte à aplicação do Enade – em 2018, portanto, foram divulgadas as notas do Enade realizado no ano anterior.

Em 2017, participaram do exame 537.360 estudantes de 10.570 cursos presenciais e a distância de licenciaturas e áreas afins, ciências exatas e cursos voltados para a tecnologia.

Leia mais: Por que a OCDE “reprova” o modelo do Enade

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