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Como diminuir a ansiedade do aluno antes de uma prova

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Aplicação de prova: pais e professores podem (e devem) tranquilizar os estudantes. Crédito: Marcos Santos/USP Imagens.

A ansiedade em véspera de provas é uma das emoções mais perturbadoras do processo de aprendizagem do aluno. Esse sentimento está entre as causas de baixo desempenho, independentemente de país ou sistema educacional.

De acordo uma meta-análise, publicada em 2018 no periódico Journal of Affective Disorders, a ansiedade em provas está relacionada a uma série de fatores, como autoestima, relacionamento com os pais e sentimento de fracasso.

O estudo, no entanto, não confirma uma relação de causa e efeito – de que os alunos vão mal nas provas porque estão ansiosos, ou ficam ansiosos porque vão mal. Em vez disso, a maior preocupação é que isso ocorra em ambos os sentidos, criando um ciclo de ansiedade e baixos desempenhos.

“Nós, como cultura, geralmente pensamos nas provas como algo que os alunos deveriam ficar ansiosos”, diz a psicóloga Shannon Brady, professora da Universidade Wake Forest, em entrevista ao jornal The New York Times. “É importante que paremos de definir as provas como algo inerentemente negativo”.

Para isso, os pais podem ajudar os filhos a se distanciar da autoestima contingente – sentimento de que não serão amados ou valorizados, caso não obtenham boas notas.

Uma das causas ligadas a ansiedade é a preocupação excessiva com os resultados negativos consequentes do fracasso ou do mau desempenho em avaliações. Por isso a autoestima pode provocar ansiedade: é que os alunos interpretam a prova como uma ameaça pessoal, gerando o medo de fracassar.

Leia mais: Por que depressão e ansiedade afetam cada vez mais universitários

As etapas da ansiedade

 Etapa 1: antes da prova

Segundo Nathaniel von der Embse, professor assistente de Psicologia na Universidade do Sul da Flórida e um dos autores da meta-análise publicada no Journal of Affective Disorders, a ansiedade se constitui em três etapas – antes, durante e depois da prova.

Nos momentos anteriores ao exame, ocorrem reações cognitivas, físicas e emocionais tanto em relação à avaliação quanto às consequências que ela pode trazer.

Uma dica para diminuir a ansiedade é o aluno estabelecer uma rotina de estudos e de sono regular. Esse hábito faz da conquista final (a nota) algo mais fácil de “digerir”.

Outra dica é fazer um descritivo da situação. Ou seja, fazer um registro pontuando por que a prova é importante, desde quando está estudando para a avaliação, o que já aprendeu, quais as chances de passar na prova e o que de pior pode acontecer caso reprovar.

É importante que os professores expliquem aos alunos o objetivo da avaliação e de como os resultados são utilizados.

Para os pais, é uma oportunidade de autorreflexão. Você está colocando um estresse indevido em seu filho – do tipo “caso não se saia bem, não entrará em uma boa universidade”?

Leia mais: Os dilemas da reprovação, segundo alunos, professores e esta pesquisa

Etapa 2: hora da prova

A segunda etapa da ansiedade, em que os estudantes experimentam diversas reações comportamentais e físicas, acontece durante a realização da prova.

Um dos pensamentos do aluno é que a prova é algo definitivo e que a vida se reduz a uma avaliação. O professor precisa tomar cuidado. “Temos a tendência de celebrar os jovens por boas notas e resultados das provas, mas é importante reforçar que ele é valorizado por várias coisas”, diz Brady, da Wake Forest.

Técnicas de respiração estão entre as maneiras mais eficazes, convenientes e baratas para aliviar o estresse durante a realização da prova.

Etapa 3: depois do exame

O momento pós-prova também causa tensão em pessoas ansiosas. Se você é professor, converse com os alunos sobre seus resultados e a finalidade da avaliação.

Importante: o ambiente escolar e, principalmente, o estresse dos próprios professores também pode estar associado à ansiedade dos alunos. Não adianta equipa-los com estratégias individuais para lidar com o estresse se a instituição não estiver coordenando também o corpo docente.

Muitas escolas utilizam os resultados das provas para avaliar o corpo docente. Isso pode criar um ambiente sobrecarregado, em que o estresse dos professores é passado aos alunos.

Daí a importância dos gestores criarem estratégias de apoio também aos professores.

Leia mais: Em vez de ajudar, dever de casa virou um fardo aos estudantes

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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