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Entenda a dislexia e aprenda a lidar com ela nas atividades de ensino

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Antes de inventar a lâmpada, o fonógrafo, o gramofone e aprimorar o telefone, Thomas Edison, como a maioria de nós, frequentou a escola. E, quando tinha apenas seis anos de idade, ele saiu da aula e voltou para casa com um bilhete escrito pelo professor, direcionado a seus pais, que dizia “seu filho é estúpido demais para aprender”. O que esse profissional de atitude mais que questionável não sabia é que Edison não era nada burro, apenas disléxico.

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Muita gente enxerga o erro de cara; muita gente não.
[FONTE: Fonoaudiologia]

A dislexia é causada por uma formação diferenciada do encéfalo, que gera dificuldades de aprendizagem, geralmente no campo da linguagem, mas que também podem abarcar a matemática e a orientação espacial. Embora não haja consenso quanto às estatísticas, estima-se que de 10 a 20% da população mundial tenha algum grau de dislexia, entre o leve e o severo. Apenas este dado já deveria bastar para que professores e gestores estejam atentos aos sinais de dislexia e, sobretudo, para que aprendam a lidar com essa dificuldade para não deixar um próximo Thomas Edison para trás. Por isso, hoje apresentamos dez recursos preciosos que nos ajudam a entender melhor a dislexia.

#1 Neste artigo, o professor doutor Sally E. Shaywitz, da Universidade de Yale, remonta as origens dos estudos da dislexia e tenta responder à pergunta que pasma professores: como pode acontecer de alunos verdadeiramente brilhantes terem dificuldades em tarefas básicas como soletrar palavras? É uma excelente introdução ao assunto e um bom começo para apreender a desassociar inteligência de habilidade linguística.

#2 O pesquisador Kelli Sandman-Hurley idealizou este breve vídeo para defender a neurodiversidade. Quem pode dizer o que é um cérebro normal e classificar todos os outros de anormais? Hurley apresenta fatos sobre dislexia e, mais do que isso, nos surpreende com a imensa gama de conexões possíveis no cérebro humano, além de colocar o espectador “normal” diante de simulações de dislexia.

#3 O documentário “Embracing Dyslexia”, dirigido e produzido por Luis Macias, traz comentários de pesquisadores, professores e pais de alunos disléxicos, além de depoimentos pessoais de portadores de dislexia. Em menos de uma hora, o vídeo mostra como educadores podem ajudar os estudantes e como o sistema escolar pode se adaptar para integrar os disléxicos na sala de aula.

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Um texto comum pode parecer uma sopa de letrinhas para quem tem dislexia
[FONTE: Leo Magan]

#4 Este artigo elaborado coletivamente pelos membros do National Center for Learning Disabilities lista um leque de sinais e sintomas da dislexia que pode ajudar a identificar portadores de diferentes idades. O artigo também traz dicas de como contribuir com a autoestima dos disléxicos, lembrando-os de que dificuldades com linguagem não significam déficit de inteligência nem incapacidade cognitiva.

#5 Nenhum caso de dislexia é igual a outro. O site Dyslexia Reading Well reúne métodos diferentes para trabalhar com pessoas diferentes. Com estímulos variados, é possível lidar com as diversas subcategorias de dislexia. Depois de entender as bases do transtorno, aprender a diferenciar a disgrafia, a discalculia e a dispraxia, o interessado poderá investigar os recursos disponíveis para cada tipo de dificuldade.

#6 Este artigo de Patrick Wilson se aprofunda em quatro pontos que todos os educadores devem entender sobre o cérebro disléxico. Desde a desconstrução da escrita, até problemas de memória, Wilson explana as várias faces da dislexia. Bem equilibrado, seu texto esclarece sintomas e causas, além de exemplificar a força criativa que, com frequência, se esconde atrás da mente disléxica.

#7 Também na defesa da diversificação de estímulos, a International Dyslexia Association publicou um artigo no qual enfatiza as vantagens de uma abordagem multissensorial na educação de alunos com dislexia. Mesclando estímulos visuais, auditivos e, até mesmo, táteis será mais fácil encontrar as melhores técnicas para fazer cada aluno se sentir empoderado em sua própria aprendizagem.

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O cérebro disléxico é diferente da maioria, e isso afeta sua visão de elementos da matemática
[FONTE: fine art america]

#8 Em formato de guia, este artigo descreve métodos simples, mas eficazes, para se comunicar com alunos disléxicos. Algumas práticas dependem apenas da iniciativa do educador, como usar várias cores para escrever no quadro, esclarecer as regras de ortografia e criar avaliações que levem em consideração a criatividade do estudante tanto quanto os acertos formais. A tecnologia também traz soluções simples, como a fonte OpenDyslexic, uma tipografia criada especialmente para o cérebro disléxico, facilitando a leitura de textos na tela.

#9 Um relato pessoal às vezes é a melhor maneira de ter uma verdadeira noção do que significa ser portador de um transtorno. Neste depoimento, o professor Neil Cottrell conta como ele venceu as dificuldades que encontrou ao longo da vida acadêmica por ser disléxico. Em alguns momentos, bastou a boa vontade de um professor que lesse os textos em voz alta; em outras situações, ele contou com a ajuda do celular para organizar suas tarefas. Apesar dos obstáculos, Cottrell provou ter tanta capacidade quanto qualquer um de seus colegas.

#10 Para mostrar que os disléxicos estão em excelente companhia, a professora Lori Bourge escreveu este artigo celebrando a vida de gênios que viveram e criaram mesmo sendo portadores de dislexia. Entre eles, estão Albert Einstein e Pablo Picasso, e isso já deveria ser o bastante para acabar com o estigma de que disléxicos são menos hábeis, não é mesmo?

E você? Já teve alunos disléxicos em sua instituição? Como você trabalha a integração e a neurodiversidade em sala de aula? No Brasil, os educadores também podem contar com um rico recurso em português: o site da Associação Brasileira de Dislexia traz dados, notícias e conecta pacientes e profissionais da saúde.

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Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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