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Gustavo Borba: inovação não depende de tecnologia, mas de metodologia

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Presença no Fórum de Lideranças: Desafios da Educação 2019, Gustavo Borba, comenta as transformações provocadas nas IES por alunos da geração Z. Crédito: Rodrigo W. Blum/Unisinos.

Em #A escola do futuro, livro recém-lançado em parceria com o comunicador Marcos Piangers, Gustavo Severo de Borba analisa a função do professor nas instituições de ensino do século 21.

Para ele, que é diretor da unidade de graduação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), a função dos educadores passou mais de 2 mil anos sem transformações significativas. Mas o curso dessa trajetória mudou, especialmente com a popularização da internet e dos smartphones.

Dessa forma, o perfil do jovem que ingressa na faculdade também sofreu modificações. A consequência disso é um movimento que vai da transformação dos espaços físicos, pelo design, à mentalidade dos professores – que “precisam ouvir mais os alunos”.

Borba promete refletir sobre a universidade do futuro na edição 2019 do Fórum de Lideranças: Desafios da Educação. O evento acontece em São Paulo, no dia 11 de abril, no campus Vila Olímpia da Universidade Anhembi Morumbi. As vagas são gratuitas e limitadas. As inscrições estão abertas.

Os palestrantes desta edição já estão confirmados. São eles:

Peter Kronstrøm, head do Copenhagen Institute for Future Studies (CIFS) na América Latina
— Daniel Infante, sócio-diretor da consultoria Educa Insights
Guilherme Junqueira, CEO da Gama Academy
Gustavo Borba, diretor de graduação da Unisinos
Stephan Younes, diretor do Slash Education na PUC-PR
Susana Salaru, analista de equity research no Itaú BBA

Leia mais: Vem aí o Fórum de Lideranças: Desafios da Educação 2019. Inscreva-se

Sobre os temas que deve abordar em sua palestra, Borba concedeu a seguinte entrevista ao portal Desafios da Educação.

As transformações experimentadas pelas instituições de ensino superior (IES) nos últimos anos têm a ver diretamente com a massificação da internet? Ou há outros fatores de influência?
A disseminação da internet ocorreu na década de 1990, o que ampliou o acesso à informação. Mas foram as mudanças tecnológicas mais recentes que potencializaram esse processo de transformação.

Até meados de 2007, não tínhamos acesso disseminado a smartphones. Naquele momento, então, recebemos uma ferramenta com imenso potencial, que causou impacto direto nos processos de busca de informação e de disseminação e construção do conhecimento. A IES, um espaço tradicional, com perspectiva de um professor para muitos alunos, ficou potencializada em razão da tecnologia. Ampliou-se o acesso à perspectiva informacional do professor. Assim, o nosso papel se transformou. Na realidade, também se ampliou.

A universidade deve ser um espaço de engajamento, conexão e reflexão para os alunos. E eles chegam preparados para assumir esse novo padrão de comportamento ou deve haver um fortalecimento na base?
Os alunos da geração Z têm chegado à universidade cada vez mais com desejo de transformar e de fazer a diferença.

Em 2018, realizamos uma pesquisa com universidades brasileiras (especialmente as comunitárias do Rio Grande do Sul) que tinha entre seus objetivos identificar características dessa geração. Conseguimos a resposta de 1.919 alunos.

Eles se definem como leiais, mente aberta, responsáveis e determinados. Quando questionados sobre o que mais os motiva, a maioria deles respondeu “ver os frutos do meu trabalho” e “fazer o bem para os outros”.

A IES, um espaço tradicional, com perspectiva de um professor para muitos alunos, ficou potencializada em razão da tecnologia.

E você acha que as instituições brasileiras estão preparadas e equipadas para serem, de fato, meios de construção de conhecimento?
Hoje, no Brasil, temos excelentes instituições de ensino superior. Aquelas que investem forte em pesquisa possuem uma maior possibilidade de construir conhecimento. Percebo que, atualmente, a perspectiva ‘pesquisa, extensão e ensino’ está ainda mais conectada. E os currículos que formam os profissionais para o século 21 possuem características transversais, que contemplam esses três pilares.

Os professores já assimilaram este novo contexto?
O papel dos professores tem crescido em importância. Para atuar em sala de aula, precisamos de mais competências do que no passado. Em minha opinião, o contexto atual demanda uma transformação em nós, professores, não apenas pelas tecnologias, mas pelas mudanças sociais que tivemos ao longo dos tempos.

O engajamento do aluno, por exemplo, passa pelo sentido percebido na aula, pela conexão prática, e também pela escuta. Um bom professor precisa ouvir mais os alunos. Essa é uma das competências que precisamos desenvolver para gerar empatia e engajamento. O processo de inovação e construção do conhecimento não é estritamente dependente de tecnologia, mas de metodologia.

Dos laboratórios às áreas de convivência, os ambientes acadêmicos estão sofrendo grandes transformações. Qual é a importância do design na formação educacional atual?
O design dos espaços é um fator central para gerar engajamento. Muitas vezes, a sala de aula é o gargalo para uma boa aula. Precisamos de espaços flexíveis, adaptáveis e que contemplem as necessidades de alunos e professores. Projetar esses espaços para gerar conexão é um dos desafios centrais que temos.

Um bom professor precisa ouvir mais os alunos. Essa é uma das competências que precisamos desenvolver para gerar empatia e engajamento.

Qual é a sua expectativa para o Fórum de Lideranças: Desafios da Educação 2019 – e por que encontros desse tipo precisam estar na agenda de educadores, gestores e profissionais de ensino superior?
O Fórum de Lideranças: Desafios da Educação é um espaço central para a troca de práticas e o debate de temas que impactam o ensino superior. Espaços assim permitem a inspiração pelo exemplo, o contraponto e o debate. Eles geram valor e transformam o conhecimento. Acredito que teremos todas essas oportunidades no encontro.

Fórum de Lideranças: Desafios da Educação 2019

Data: 11 de abril (quinta-feira)
Horário: 8h às 14h
Local: Universidade Anhembi Morumbi (R. Casa do Ator, 275, Vila Olímpia, São Paulo – SP)
Link para inscrição: CLIQUE AQUI

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1 Comment

  1. Interessante.Como educadora necessito me empoderar de metodologias inovadoras para mediar o ensino aprendizagem. Pertenço a geração na faixa dos 60. Estamos no período de grande avanço da Ciência e tecnologia mudanças de paradigmas. Obviamente tenho que conhecer a geração de alunos suas aspirações, potencial, valores, visões , ética, senso crítico, … enfim fazer um profundo diagnóstico desta clientela.Sempre somos produto da educação familiar, social, cultural, religiosa, entre outras atividades visões por vivências. Como ensinar para a diversidade no mundo globalizado? Há muitas divergências qto a metodologia.

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