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3 metodologias ativas para apostar em 2020

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metodologias ativas 2020

Alunos da Universidade Häme de Ciências Aplicadas, na Finlândia: as transformações sociais, econômicas e tecnológicas tem impacto direto sobre o modo de aprender e de ensinar. Crédito: divulgação.

Por Thuinie Daros

Durante décadas, a Pedagogia persistiu numa relação em que o professor era o detentor do saber e, o aluno, o receptor passivo dos conhecimentos transmitidos pelo mestre. As mudanças sociais, econômicas e tecnológicas, no entanto, transformaram essa realidade.

O que vem ocorrendo nas últimas décadas tem impacto direto sobre a organização escolar. O desenvolvimento da internet e o surgimento de novas tecnologias e dispositivos digitais, facilitou novas relações sociais, novas formas de aprender e de interagir. Ou seja, modificou a relação entre professor e aluno.

Por meio de redes sociais, games, memes, vídeos e outras façanhas do mundo contemporâneo, os estudantes recebem uma avalanche de informações. Não é de se admirar, portanto, que eles recorram ao YouTube ou ao Google para ter acesso e mais detalhes ao conteúdo da aula. São novos tempos.

Leia mais: Saem os livros, entram os vídeos: YouTube ganha preferência na aprendizagem

Novos modelos de negócio, recursos, formas de pensar, de ensinar e aprender, de viver, de conviver: é tanta mudança, que é preciso buscar (novas) metodologias, tecnologias, ferramentas e técnicas capazes de gerar maior engajamento dos estudantes.

O objetivo é proporcionar novas maneiras de acessar e se apropriar do conhecimento de forma articulada com as metas de aprendizagem. Para isso, a pedido do portal Desafios da Educação, sugeri 3 metodologias ativas para apostar neste ano de 2020 que se avizinha.

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Aprendizagem criativa

A capacidade de criar é essencialmente relevante devido a característica do nosso momento histórico.

No livro Escolas criativas: a revolução que está transformando a educação, Ken Robinson, especialista em educação e criatividade, escreve que “a criatividade não é apenas ter ideias não convencionais e deixar a imaginação correr livre. Pode até envolver tudo isso, mas também envolve refinar, testar e se concentrar no que está fazendo”.

O desenvolvimento desta competência deve ser materializada nas práticas educativas atuais. Como? Por meio da metodologia da aprendizagem criativa.

Inspirada nas ideias de Seymour Papert, matemático e docente do MIT (Massachusetts Institute of Technology), a metodologia para o aprendizado mais criativo é desenvolvida a partir de 4 princípios. Conhecidos como os 4 Ps da Aprendizagem Criativa, eles são (em inglês):  project, passion, people e play.

Leia mais: Ambiente aberto à criatividade é um dos desafios da educação contemporânea

 Project/projeto: o desafio é proposto aos estudantes, que por sua vez precisam realizar todo o planejamento de como resolver a situação apresentada, além de definir os materiais e os recursos a serem utilizados.

Passion/paixão: com o projeto definido, a questão ou o desafio lançado deve ser envolvente e instigante capaz de despertar paixão pelo que se está fazendo.

People/parcerias: para resolução do projeto, e com a questão desafiadora definida, os estudantes deverão buscar parcerias. Elas podem ser desde pessoas e profissionais mais experientes ou mentores no assunto, até pessoas que possam ajudar na viabilidade da solução do problema trabalhado em grupo – um stakeholder por exemplo.

Play/brincar: é a fase na qual os estudantes colocam em ação todas as etapas supracitadas por meio de um processo de efetiva experimentação e vivência prática. O objetivo é proporcionar a validação das hipóteses das soluções ou protótipos construídos, realizando adequações, se necessário.

Atividades colaborativas orientadas pela cultura Maker ou a “ mão na massa”, como robótica, programação, animações e stop motion, são exemplos dessa possibilidade. Os 4 princípios da aprendizagem criativa criam condições para que o estudante possa experimentar, criar, testar, errar a partir de uma experimentação concreta e ativa de aprendizagem.

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Metodologia ágil

A agilidade, a experiência intensa e o conectivismo inspirativo são evidenciados como os principais pilares desta metodologia.

Nela, os estudantes, na posição de aprendizes autodirigidos, vivenciam, em ciclos de aprendizagem pontuais, experiências, interações sobre processos e ferramentas, compartilhamento de conhecimentos, informações e dados. Isso tudo através da componentização da aprendizagem em micromomentos, microatividades e microconteúdos – partes menores, porém profundas e altamente relevantes.

A metodologia ágil é uma oportunidade de resposta à mudança. É um esforço para que o processo de aprendizagem seja menos conteudista e mais focado no desenvolvimento e na preparação dos estudantes para os desafios do mundo atual. Ou seja, experiência a partir do desenvolvimento de competências e soft skills.

Construção de blogs, wikis, web-fórum, pílulas de aprendizagem, nano-learning, digital game-based learning, QR Code , websérie, think-pair-share, vídeos ou nivelamentos just in time, feedbacks, rubricas de avaliação ou mesmo a aplicação de uma matriz swot ou um canva para modelagem de um projeto são exemplos de abordagens ágeis que proporcionam uma experiência de aprendizagem significativa e que tende a ser aplicada nas escolas.

Leia mais: Inspirada em Harry Potter, escola mineira desenvolve competências dos alunos

Ensino híbrido

 Os modelos educacionais estão cada vez mais híbridos. Isso significa que ao aluno aprende ao misturar atividades presenciais com o professor e momentos remotos, aprendendo por meio de softwares, plataformas e aplicativos. Essa é uma realidade tanto na educação básica quanto no ensino superior, em modelos presenciais, a distância ou ainda no mundo corporativo.

Leia mais: Como utilizar ensino híbrido na educação corporativa

O ensino híbrido (ou blended learning, em inglês) foi apresentado pelo Instituto Clayton Christensen e tem sido disseminado com o intuito de definir uma metodologia que integra o método tradicional — presencial, em sala de aula e com a interação do professor — com o aprendizado online.  

A educação virtual utiliza as tecnologias para possibilitar o acesso ao conhecimento com o controle do tempo e ritmo por parte do estudante. Em outras palavras, mistura as atividades online e offline, mantendo o foco na personalização do aprendizado do estudante.

Leia mais: Mais do que personalizar a aprendizagem, é preciso humanizar a educação

As estratégias como rotação por estação, laboratório rotacional, e sala de aula invertida ou ainda o modelo flex, modelo à La Carte e o modelo virtual enriquecido são exemplos de hibridização da educação. Essas técnicas possibilitam a autonomia do aluno, aprendizado personalizado, o domínio gradativo do conhecimento e a construção de relacionamentos produtivos entre professor e aluno e aluno com aluno.

Aqui, cabe um conselho aos docentes: assumam postura crítica e ativa em relação a utilização das tecnologias no processo de aprendizagem. Sobretudo em abordagens híbridas, de modo que não se reproduza os velhos métodos. 

Saiba mais (livro): Blended: usando a inovação disruptiva para aprimorar a educação


Sobre a autora

Thuinie Daros é head de metodologias ativas e cursos híbridos da Unicesumar, co-fundadora da Téssera Educação e autora do livro A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo (editora Penso, 2018).

Confira a série “Tendências da educação para 2020” 

Thuinie Daros
Thuinie Daros é diretora de planejamento acadêmico na Vitru Educação (Mantenedora da Uniasselvi e Unicesumar. Palestrante e facilitadora de workshops sobre temáticas que capacitam profissionais a aplicar metodologias ativas, promover a criatividade, explorar abordagens híbridas de educação, incluir tecnologias educacionais e incorporar a pedagogia de futuros em suas práticas pedagógicas e dentro do contexto empresarial (formação de líderes). Autoras de diversos livros na área de inovação educacional.

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1 Comment

  1. Precisamos introduzir mais metodologias ativas em nossas aulas.

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