Avaliação

Os métodos de avaliação na Educação 4.0

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Na Educação 4.0, avaliação ganha destaque em sala de aula

Na Educação 4.0, avaliação ganha destaque em sala de aula. (Foto: Visual Hunt)

Na nova era da educação, os métodos de avaliação consideram as diferenças de cada aluno para criar um processo de aprendizagem personalizado. Entretanto, isso não significa abandonar aquilo que é tradicional, como provas e feedback. A combinação de atividades formativas e somativas é uma base convencional de avaliação, inclusive na Educação 4.0.

O feedback constante é classificado como uma ferramenta de diagnóstico global. E, nesse sentido, as plataformas virtuais expandem os recursos voltados à avaliação de alunos e professores – uma vez que elas comparam resultados individuais e em conjunto.

“A partir dessas demonstrações, as plataformas instrumentalizam o coordenador para agir na raiz do problema”, diz Fagner de Deus, diretor de Tecnologias Educacionais do Grupo A Educação. “Além disso, não podemos ignorar que a avaliação constante também melhora os resultados porque exige certa cobrança. E é essa cobrança que leva o aluno a estudar mais.”

Já a aprendizagem por competências também oportuniza uma avaliação significativa para o aluno. Em termos gerais, a educação baseada em competências identifica os resultados do aprendizado de uma matéria e transforma isso em conhecimento, ou seja, dá mais valor às habilidades práticas do que teóricas. Assim, por sua natureza aplicável, os objetivos são facilmente mensuráveis. “Essa proposta interliga competências durante o período de estudo dos alunos e os faz reconhecer a importância dos conteúdos”, explica a pedagoga Daiana da Rocha, professora da EAD nos cursos de Pedagogia, Letras e Ciências Sociais da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) e gerente de produção do Grupo A.

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Avaliação de EAD e o modelo de desdobramento

Outra opção é o chamado “unfolding model” – modelo de desdobramento, em português. O sistema é apresentado no livro Avaliação de Educação a distância e e-learning (Editora Penso), dos autores norte-americanos Valerie Ruhe e Bruno Zumbo, da Universidade da Columbia Britânica. Capa do livro "Avaliação de Educação a distância e e-learning"

No livro, Ruhe e Zumbo explicam que o modelo de desdobramento fortalece os métodos de avaliação, servindo tanto para medir os resultados dos alunos quanto das instituições – sobretudo de EAD. “São metodologias, estratégias e ferramentas de pesquisa que avaliam a satisfação do aluno, além de analisarem as notas e estatísticas ao longo do curso”, explicam os autores ao Desafios da Educação. Confira os principais trechos da entrevista, concedida por e-mail:

Qual o papel central da avaliação ao aluno?
Os alunos adultos que estudam a distância estudam por muitas razões, entre elas, a obtenção de conhecimento e de habilidades e a certificação profissional. Em troca, eles precisam saber que atingiram suas metas de aprendizado, atestando o valor do ensino adquirido. Essa aferição pode ser feita em feedbacks – sejam exames, trabalhos ou projetos práticos, além de comentários de colegas e instrutores. Avaliações assim permitem que os alunos conheçam as áreas em que se destacam, bem como suas fraquezas e pontos em que precisam melhorar.

Então, no âmbito da EAD, as avaliações são ainda mais importantes.
Definitivamente, sim. O ensino e a aprendizagem estão sendo transformados pelas novas tecnologias e, com isso, o e-learning está se expandindo rapidamente em todo o mundo. Realidade virtual em dispositivos móveis, cursos on-line abertos massivos [MOOCs, na sigla em inglês] e microaprendizagem estão levando a educação para fora das universidades e corporações tradicionais. A Universidade de Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) tiveram 370 mil estudantes em seus primeiros cursos online, enquanto o Coursera, fundado em 2012, teve mais de 1,7 milhão. Isso demonstra – em outro extremo, é claro – que qualquer pessoa pode criar um curso online. Por isso, a os métodos de avaliação desempenham um papel fundamental para mensuração da qualidade dos cursos quando não se tem a certificação presencial.

No livro “Avaliação de educação a distância e e-learning” vocês defendem o uso do modelo de desdobramento. Como ele funciona?
Buscamos oferecer um modelo prático para orientar a avaliação. O modelo de desdobramento é abrangente – pode ser aplicado em todas as dimensões da educação a distância, seja para avaliar o rendimento dos alunos, que são os resultados, ou para medir a qualidade do curso ou da instituição. Para isso, dividimos o modelo de desdobramento em quatro caixas, utilizadas de acordo com o que se objetiva saber: 1) evidência científica; 2) relevância/custo-benefício; 3) valores subjacentes; e 4) consequências não-intencionais.

Qual é a função de cada uma dessas caixas?
A primeira engloba várias metodologias, estratégias e ferramentas de pesquisa para medir a satisfação do aluno, aferir as notas e os resultados, estatísticas para acompanhar o seu progresso ao longo do curso, entre outros dados. A segunda caixa prevê a relação entre custo (tanto para instituição quanto para aluno) e a necessidade de aprendizado frente às demandas da sociedade. A terceira desvela os padrões, objetivos e valores do curso. Por fim, a quarta caixa mostra as consequências de cada uma dessas variáveis.

Quais são as vantagens do modelo de desdobramento?
O modelo de desdobramento fornece uma visão panorâmica da avaliação de e-learning e, como tal, todos e quaisquer outros modelos de avaliação podem ser localizados em qualquer uma de nossas quatro caixas ou em seus aspectos desdobrados. Ou seja, qualquer modelo focado em impacto de longo prazo cabe nas nossas caixas.

Como vocês têm tanta certeza disso?
Porque o nosso modelo é baseado em um quadro de qualidade projetado por Sam Messick, um professor e psicólogo norte-americano, gigante no campo da psicometria. Mas, mais do que isso, precisamos entender que não existe um modelo perfeito. Os avaliadores devem escolher o modelo que “se encaixa” em seus propósitos, questões e métodos de pesquisa, que seja fácil de aplicar e que seja mais útil para entender e melhorar qualquer produto de e-learning. Uma dica para facilitar a escolha: quando uma equipe de avalição gasta mais energia tentando descobrir como aplicar um modelo de avaliação em vez de obter uma melhor compreensão do curso, é um sinal de que ela deve tentar usar outro modelo.

Existem benchmarks de avaliação para a educação a distância?
Os melhores estudos em avaliação dizem que a escolha de métodos de avaliação está estreitamente ligada à metodologia, de modo que nenhuma abordagem de ensino deve ser empregada sem um tipo de avaliação.  Por exemplo, se uma instituição quer saber o quanto os alunos estão aprendendo, precisa usar métodos quantitativos, incluindo tarefas e exames, taxas de desempenho e pesquisas de satisfação do aluno. Já se ela deseja saber como os alunos aprendem e se respondem positivamente ao conteúdo, é possível usar as técnicas de feedback. Portanto, o método de avaliação depende do propósito da avaliação e da “adequação” ao modelo. Dito isto, preferimos métodos de avaliação abrangentes e recomendamos métodos mistos como a melhor maneira de gerar informações importantes sobre o processo e os resultados de aprendizagem.

Pode dar alguns exemplos?
Um método bastante promissor diz respeito aos modelos de análise de aprendizagem. Eles se baseiam no armazenamento de traços de comportamentos dos alunos, e os resultados extraídos podem ser analisados ​​e utilizados para melhorar a aprendizagem. Outro exemplo é o modelo Course Signal [SSA, na sigla em inglês], em que um algoritmo preditivo de sucesso do aluno gera alertas em um sistema de gerenciamento de cursos para mostrar quais os alunos que estão com seu aprendizado em risco. Já o modelo SURE é baseado em um conjunto de regras de cálculo e processamento computadorizado de dados; seu modelo é uma promessa considerável para a realização dos estudos de avaliação global em grande escala necessários para avaliar os MOOCs.

Confira a série Educação 4.0

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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