Capacitação DocenteMetodologias de Ensino

Modelo rotacional: a tecnologia pode e deve ter um papel diferente do professor

0

Não é novidade que a tecnologia abalou as estruturas da nossa sociedade. Isso não quer dizer, no entanto, que tudo que foi feito antes precisa ser desfeito. O próprio ensino a distância está aí para provar que é possível mudar mesmo áreas tão consolidadas como a educação. E que é permitido se adaptar aos novos tempos. É o que defende Anthony Kim, CEO do Education Elements, empresa com foco em estratégias de personalização do aprendizado, ao falar do modelo rotacional.

O modelo rotacional não é uma criação pós-internet, bem pelo contrário. Sua adoção em escolas e em instituições de ensino é antiga. Só que, se antes da tecnologia invadir nossas vidas, ele consistia em uma estratégia para professores e gestores apresentarem um mesmo conteúdo de várias formas e assim contemplar a diversidade dos alunos – aula expositiva, trabalho escrito, teatro e vídeos, jogos e artesanato, por exemplo –, hoje a história é outra. Seu papel é ainda mais importante: desafiar estudantes, professores e gestores.

O modelo rotacional atual é essencialmente visto como o meio do caminho entre uma sala de aula tradicional e uma experiência totalmente virtual. Nessa estratégia, os alunos alternam entre o aprendizado online em um ambiente de um-para-um que respeita seu próprio ritmo e uma sala de aula tradicional com um professor. Mas pode e deve, como já vimos em outros exemplos de estratégias de ensino, ser adaptado para o ensino totalmente a distância.

shutterstock
Tecnologia pode e deve complementar o trabalho do tutor também no modelo rotacional
[FONTE: Online College]

Para Kim, no modelo rotacional, o papel da tecnologia não se restringe ao de expor um mesmo material de outra maneira, mas sim de encontrar os alunos em seus próprios níveis de aprendizado e ajudá-los a ir ao encontro dos demais ou adiante. A premissa da aprendizagem personalizada é justamente essa: os alunos trabalham o conteúdo em seu próprio ritmo e trilhando seu próprio caminho. Com isso, o papel do professor deixa de ser o de um “sábio no palco” para ser o de “guia lado a lado”. Não é o estudante que gira ao redor de diferentes professores com abordagens distintas para um mesmo conteúdo – um faz uma palestra, enquanto outro propõe uma peça de teatro, um terceiro mostra um vídeo e um quarto solicita um artigo. Aluno e tutor caminham lado a lado pela matéria.

Com apoio e ferramentas adequadas, um modelo rotacional funciona para qualquer professor, gestor e instituição educacional. Na era do ensino a distância, essa é uma estratégia que permite mais facilmente o uso de dados para alterar a forma como se está ensinando. Por exemplo: uma turma é dividida em pequenos grupos. Enquanto uma estuda um determinado conteúdo com vídeos, outra discute o mesmo tema em um fórum, uma terceira testa seus conhecimentos em um jogo e uma quarta encontra o professor em uma sala de aula tradicional. Terminada essa primeira etapa, professores e gestores podem parar para avaliar os resultados preliminares do aprendizado e até reagrupar os alunos conforme seu desempenho, a facilidade ou a dificuldade que tiveram. Afinal, com a internet, nenhum estudante está preso a uma mesa e uma cadeira, a uma turma ou a uma sala de aula. Nem o professor.

sala-de
Alunos, professores e gestores não estão mais presos a uma sala de aula
[FONTE: Blog do Gordinho]

Se antes o modelo rotacional diminuía o tempo de preparação de aulas pelo professor, que aprimorava seu método de ensino na medida em que o colocava em prática com frequência, afinal, a aula era centrada em si, hoje é o estudante que o leva a melhorar seus processos, com sua diversidade de questionamentos e níveis de aprendizado. E, nesse sentido, a tecnologia pode e deve desempenhar um papel diferente do que a do professor e gestor, porque peças complementares criam um conjunto mais robusto, na opinião de Kim.

No dia 6 de agosto, no Auditório do Insper, em São Paulo, acontece o Fórum e Lideranças: Desafios da Educação. Neste dia, Carolina da Costa, Diretora Acadêmica de Graduação do Insper, vai falar justamente sobre oportunidades para modelos de ensino mais eficazes e desafios. Voltado a líderes e gestores de Instituições de Ensino Superior, o evento tem o objetivo de discutir práticas e compartilhar ideias e experiências em educação, para promover um ensino centrado no aluno. Aproveite que as vagas são gratuitas e se inscreva!

E se quiser continuar informado sobre os desafios da educação, assine nossa newsletter,

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

You may also like

Comments

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.