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Projetos integradores guiam reinvenção pedagógica da Unijuí

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A Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul, conhecida como Unijuí, é uma instituição de ensino superior (IES) comunitária com mais de 60 anos de atuação. Em 2020, sua equipe acadêmica deu os primeiros passos em uma verdadeira reinvenção pedagógica a partir de projetos integradores.

O objetivo era simples: garantir a conciliação entre teoria e prática durante a trajetória dos cursos. A saída encontrada foi implementar um currículo por competências, com cada semestre organizado a partir de um tema norteador.

Desde então, todos os cursos passaram a contar com uma disciplina semestral chamada Projeto Integrador. Nela, os alunos desenvolvem competências socioemocionais e habilidades cada vez mais complexas – conforme o avanço do curso.

A experiência do primeiro ano evidenciou a necessidade de uma plataforma digital que desse sustentação à metodologia. Ou seja, que recebesse as demandas da comunidade e facilitasse o desenvolvimento dos projetos. Afinal, a ideia sempre foi construir soluções inovadoras para problemas reais.

Em janeiro de 2021, essa lacuna foi preenchida pelo Link. Esse software, foi criado pela Be Formless, Edtech especializada em soluções para gestão universitária, fundada pelo Prof. Dr. Daniel Quintana Sperb em 2015. E hoje, a empresa é parceira da Plataforma A, operando como um repositório de demandas, além de contemplar todas as fases de um projeto até a sua apresentação final.

Segundo a vice-reitora de graduação da Unijuí, Fabiana Fachinetto, os resultados são “surpreendentes”. Em menos de um ano, são 233 desafios propostos, 130 projetos concluídos, 162 empresas conectadas e 730 alunos envolvidos. No total, foram mais de 1,3 milhão de pessoas impactadas.

Foto: Divulgação

Projetos integradores

A solução fica disponível no formato de um site que capta as demandas da sociedade. Lá, empresas, prefeituras, escolas, ONGs, entre outros entes da comunidade cadastram seus desafios.

Já os professores e alunos utilizam a ferramenta para escolher os problemas e fazer toda a construção metodológica do projeto. Também participam os mentores – empresários, egressos, entre outros profissionais, que auxiliam em momentos estratégicos do projeto com a vivência das suas áreas de atuação.

“Funciona como um ecossistema de inovação para que os alunos tenham a prática do mercado de trabalho dentro das disciplinas de projeto integrador”, explica o diretor de inovação , Fábio Paz. “Impacta na sociedade e impacta no aprendizado”, destaca.

Para Fachinetto, o trabalho em equipe de professores, mentores e alunos em uma ferramenta única é essencial para o sucesso dos projetos integradores. “Juntos, com o auxílio da plataforma, o alinhamento da solução para a demanda encaminhada se torna muito mais fácil”, relata.

De quebra, as atividades geram um valioso networking para os estudantes, aumentando os índices de empregabilidade da instituição. O engajamento também aumenta, uma vez que os alunos se mostram mais motivados ao trabalhar com projetos reais, e não com cases.

A vice-reitora de graduação da Unijuí ainda destaca as seguintes contribuições do Link para a implementação dos projetos integradores da universidade:

  • Gera a visualização de todas as etapas do projeto;
  • Reduz o tempo gasto a organização de cada etapa;
  • Facilita o trabalho em equipe em um único local;
  • Permite a busca de informações pelos envolvidos no projeto.

Leia mais: Avaliação in loco: conheça o Check, o sistema de gestão virtual que dá apoio às IES

A experiência de professores e alunos

Do ponto de vista do ensino e aprendizagem, o Link traz vantagens para professores e alunos. O professor utiliza a plataforma durante o planejamento do semestre, analisando previamente os desafios cadastrados, e na orientação pedagógica no decorrer da disciplina

Eilamaria Libardoni Vieira é docente nos cursos de Gastronomia, Nutrição, Ciências Biológicas, Fisioterapia, Farmácia e Biomedicina da Unijuí. Ela afirma que os projetos integradores articulam os conhecimentos do semestre em ações de ensino, pesquisa e extensão.

Ao mesmo tempo, são estimuladas soft skills como trabalho em equipe, flexibilidade, pensamento crítico e criatividade. “Ao se aproximar do seu futuro campo de trabalho, o aluno desenvolve competências acadêmicas e comportamentais”, ressalta a professora.

Heleodoro Miguel Nunes Vargas é estudante do segundo semestre do curso de Medicina Veterinária. Logo no primeiro semestre, ele acessou o Link para dar conta de um desafio proposto pela Coordenadoria de Proteção Animal de Ijuí (RS).

Era preciso encontrar soluções para prevenir a ocorrência de zoonoses em animais domésticos da cidade. Após identificar as causas e impactos das doenças, seu grupo de trabalho criou um podcast e uma conta de Instagram para informar e sensibilizar tutores sobre os cuidados necessários.

Ele elogia a plataforma por ser intuitiva e acessível em diversos dispositivos. E diz estar na expectativa para os próximos projetos que virão ao longo do curso. “O futuro deste currículo é promissor. Só temos a ganhar”, diz.

Por fim, para Heleodoro, trabalhar com demandas reais da comunidade faz o aluno “pensar fora da caixa”, aproximando a universidade da comunidade. “É uma experiência que nos prepara para o futuro, para a realidade da nossa profissão”, completa.

Leia mais: Curricularização da extensão abre espaço para projetos integradores

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Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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