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Coronavírus cria debate sobre redução de mensalidades em escolas e faculdades

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Com a substituição das aulas presenciais pela educação a distância, pais e estudantes do ensino básico e superior têm questionado o valor – e até mesmo cogitam pedir a redução – das mensalidades. Muitos colocam em pauta as diferenças de custo entre os modelos presencial e a distância, amplamente adotado devido à pandemia do novo coronavírus.

Alunos e famílias manifestam a insatisfação com a manutenção dos valores por meio de abaixo-assinados, reivindicações online e até projetos de lei. Organizações de amparo ao consumidor e instituições de ensino, por outro lado, tentam explicar porque a redução do valor das mensalidades não deve ser aplicada no período.

A seguir, confira os principais argumentos no debate sobre a redução das mensalidades em escolas e faculdades de quarentena.

Leia também: A guerra das mensalidades. E a reação das escolas privadas na pandemia

Coronavírus esvazia sala de aulas. Crédito: Pixabay.

A FAVOR: se despesa fixa é menor, mensalidade também deve ser

Grupos de pais têm se organizado para cobrar a redução ou suspensão das mensalidades em escolas de diversas regiões do país. A União Nacional dos Estudantes (UNE) abraçou a causa, e numa campanha divulgada nas redes sociais pede desconto proporcional à redução das despesas fixas, como água e luz.

“Considerando-se que as instituições de ensino já estão tendo custos reduzidos com itens como manutenção e energia, é justo que os estudantes, que também têm seus rendimentos fortemente afetados, paguem menos”, afirmou Iago Montalvão, presidente da entidade, em entrevista à Folha de S. Paulo.

Além da redução no valor da mensalidade, há pais e alunos defendendo que nenhum estudante seja reprovado por falta no primeiro semestre. Se o aluno optar por trancar a matrícula, o serviço deve ser gratuito. Já as notas não devem alterar o coeficiente de rendimento individual.

Leia mais: Em 1918, gripe espanhola fez escolas aprovarem todos os alunos no Brasil

A redução das mensalidades, por óbvio, influenciaria na arrecadação das escolas e universidades. O prejuízo, por sua vez, poderia acabar repassado aos colaboradores – com descontos no salário de professores e funcionários.

Sobre esse risco, Montalvão, da UNE, declarou: “Muitas dessas instituições têm recursos de sobra para dar conta de um momento como esse sem promover demissões, diferente dos estudantes que estão sem fonte de renda”.

Aluno estuda em casa por causa do coronavírus

Aulas EAD: pais se mobilizam para pedir redução no preço das mensalidades.

O pedido dos deputados estaduais André Ceciliano (PT), Dr. Serginho (PSL) e Rodrigo Bacellar (Solidariedade) é semelhante. Os três apresentaram, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, Projeto de Lei que obriga as instituições de ensino básico e superior da rede privada do estado a reduzirem suas mensalidades em, pelo menos, 30% durante a quarentena.

Assim como a UNE, os parlamentares argumentam que as escolas e universidades estão tendo gastos menores, mas que os rendimentos dos estudantes e de seus responsáveis financeiros também foram afetados.

Leia mais: Como apoiar o estudo dos filhos durante a quarentena

Os estudantes ainda apontam diferenças na qualidade e na frequência das aulas. Segundo eles, nem todos os professores estão preparados para ensinar remotamente, e muitos sequer dominam as plataformas escolhidas para disponibilizar o conteúdo.

CONTRA: Redução prejudica operação e funcionários

Para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), ainda não há razões para os estudantes pedirem o dinheiro de volta, a redução da mensalidade ou o não pagamento dela.

“A gente tem que pensar que a despesa das instituições de ensino se mantém. Elas estão mantendo o pagamento dos professores”, disse Igor Britto, diretor de Relações Institucionais do Idec, à Agência Brasil. “Temos que considerar que estamos passando por um momento inédito na história do mundo.”

Ele ressalta, no entanto, que cabe às instituições buscar alternativas de qualidade para que não sejam questionadas posteriormente.

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Para Arthur Fonseca, diretor da Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar), a redução das mensalidades é infundada e traz consequências para toda uma cadeia de profissionais.

“As escolas continuam pagando os contratos e os funcionários dessas funções. Por ser obrigação delas e, no caso dos terceirizados, em reconhecimento ao trabalho prestado”, afirmou, em entrevista à Folha.

Fonseca ainda acrescentou que a EAD só diminui custos quando substitui integralmente o ensino presencial, mas não quando é utilizado como ferramenta de suporte em momentos de crise.

Leia mais: Gestores analisam as lições do coronavírus e os desafios das faculdades brasileiras

O Semesp, que representa as instituições de ensino superior, foi mais longe: em comunicado oficial, classificou os pedidos de redução dos valores como “irresponsáveis”.

Segundo a entidade, as universidades estão, na verdade, sendo obrigadas a aumentar suas despesas – devido à instalação de novos equipamentos, treinamentos para professores e aquisição de licenças de ferramentas EAD. Detalhes desses custos estão disponíveis no site “O Valor da Educação”.

Educadores acreditam que a redução ou suspensão das mensalidades poderia levar até mesmo à quebra do setor. “Estaríamos colocando em risco a sobrevivência de mais de 390 mil professores e coloboradores, que, de um momento para o outro, correrão o risco de não receberem seus salários”, afirmou Rodrigo Capelado, diretor do Semesp.

As instituições defendem, ainda, que o mais importante agora é garantir a transmissão de conhecimento com a mesma qualidade que era oferecida antes da suspensão das atividades presenciais. O desafio para educadores e estudantes, portanto, é chegar a um denominador comum – onde a aprendizagem seja garantida e a estabilidade financeira de todos seja preservada o máximo possível.

Realidade dos alunos é pauta de podcast

Seja como for, o dado de um estudo da consultoria Educa Insights chama atenção: no ensino superior, cerca de 20% dos alunos sinalizaram que podem ter dificuldades para pagar a mensalidade – devido ao cenário econômico desencadeado pela pandemia do novo coronavírus.

Para dar mais detalhes desse estudo, o podcast “Desafios da Educação” recebe Daniel Infante, sócio da Educa Insghts. Ouça pelo Spotify e pelo YouTube

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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    23 Comments

    1. Estamos totalmente insastifeito com essas cobranças da faculdade particular pagamos por um curso presencial então queremos que reduzam o valor para um curso em EaD até normaliza. O que poderemos fazer

    2. É um absurdo as faculdades particulares manterem o valor das mensalidades como se tivessem tendo aulas presenciais, todos sabemos que um curso EAD e muito mais em conta, e outra se os alunos quisessem ter aulas EAD, teriam se matriculado neste curso e não no presencial, as instituições não estão nem aí para a qualidade de ensino, elas só estão interessadas no lucro mesmo.

      1. Acredito que cada instituição precisa buscar alternativas que seja bom para todos! ou pelo menos para a maioria! Enquanto ao curso presencial que escolhemos, infelizmente não tem como arriscar nossa saúde, nem dos colegas! quem imaginava essa pandemia? Então, com a atual situação, temos que adaptar da melhor maneira possível!! Até mesmo porque não seria nem aulas EAD e sim aulas emergenciais, que pudessem dar continuidade ao nosso curso, até controlar essa situação!!

        1. Não é apenas questão de ser bom para todos mas justo para todos. Muitos que pagam também perderam renda ou tiveram redução, ou ainda estão ajudando outros da família. Além disso, é uma questão de matemática. Os custos das instituições não são os mesmos que antes do fechamento afinal não há os mesmos gastos com água, energia, material de limpeza, de escritório, manutenção de maquinas e equipamentos, jardinagem, serviços de conservação e limpeza mas os boletos chegam com os mesmos valores.

    3. por esse motivo prefiro trancar a minha , não tem condições.

    4. As Universidades devem sim reduzir as mensalidades na proporção em que são beneficiadas pela modalidade de ensino EAD, que é mais em conta. Não é verdade que seja necessário implantar plataformas novas, pois as redes sociais disponíveis (grupos de wats app e facebook, por exemplo) já oportunizam contato suficiente para que os alunos e professores possam inteirar-se.

      1. Como foi falado no post, as instituições da rede privada não estão sendo beneficiadas e nem tiveram redução nas suas despesas, uma vez que estão tendo que formar professores que estavam habituados as aulas presenciais para que possam trabalhar o EAD na época da pandemia, bem como, adquirir equipamentos especiais para o mesmo. É uma crise, temos que ter paciência. Cada caso é um caso, penso que aqueles que estão conseguindo se manter no emprego e não tiveram redução salarial sejam compreensivos com a situação, porém se perderam o emprego ou tiveram redução, uma boa conversa com a instituição é válida.

    5. O argumento de que pode quebrar as instituições de ensino é tosco por uma razão óbvia. Se que quem paga as mensalidades está passando por dificuldades, podendo ter suas contas reduzidas, inclusive o salário, como a Universidade espera sobreviver sem esse grupo? A matemática não fecha. Sem cliente, sem négócio, simples assim.

    6. Incrível como eles não pagam água, luz, material de limpeza, material de escritório, não precisam de diaristas e ainda querem cobrar o valor integral, sem nenhuma flexibilidade em respeito aos alunos que estão em má situação financeira devido a pandemia, fora que muitas pessoas não se adequam ao conteúdo EAD.

    7. Acabei de ter uma conversa com o diretor da faculdade onde estudo e ele falou que aumentou os gastos da faculdade devido a implantaçao da plataforma, mas creio que nao seja de certa forma um aumento de gastos pois a faculdade esta fechada. E me mandou procurar o financeiro pra ver o que da pra fazer no caso jogar para dezembro kkkkkk creio que vire uma bola de neve.

    8. Eu acho muita insensibilidade por parte das instituições . Elas precisam entender que alunos não são só dinheiro. Seguem online como se nada tivesse acontecendo . Hoje uma colega chorou em plena aula das plataformas dizendo que tinha acabado de saber que perderam a tia de covid 19 e outra aluna também chorou por que perdeu o marido também de covid 19. Outra aluna disse que tinha de levar a mãe no hospital com suspeita de covid 19. Tem aluno reclamando que os professores estão passando muito trabalho. Essas metodologias porcaria que vcs inventaram. Fiz uma queixa no conselho de psicologia da minha região . Tem alunos que não estão se quer tendo aulas no teams, estão apenas entregando trabalhos semanais . Somos seres humanos , não somos só um monte de dinheiro que vcs exploram. Vcs não exploram só os professores, exploram também os alunos !

    9. Um curso em Ead é 50%do valor da mensalidade presencial, pedi para que a escola de meus filhos fortaleça as aulas on line a resposta foi que eles não querem e que preferem que os alunos estejam lá gritando e etc. Porém essa situaçao é para que as instituiçoes despreparadas revejam seus connceitosem em criar um plano B. Com tanta tecnologia que possimos. Não aderir o desconto é dividir as aulas entre presenciais e online é um retrocesso sem pensar na sustentabilidade e no bolso das pessoas que pagam! Se esta ruim para as escolas e faculdades imagine para o cidadão, será que o pessoal estão pensando no contexto geral ou só no seu proprio umbigo!?????

    10. Sou aluna de um curso chamado Medgrupo, os alugueis dos auditórios estão suspensos até o retorno, os funcionários não estão indo, pois não temos aulas desde março de 2020, além disso estamos gastando mais com energia e internet, pois estamos assistindo as aulas em casa. Os professores não estão gastando com passagens aéreas, nem hospedagem e outros gastos. Se um ramo estar tento lucro é esse curso. Entrei em contato com eles, mas a resposta é que NÃO VÃO diminuir a mensalidade, acho falta de sensibilidade, pois os gastos deles fizeram diminuir e muito e o lucro aumentou!

    11. Bom dia
      Eu estudo em uma universidade em Sorocaba a Uniso, entrei em contato para pedir a redução da mensalidade, a resposta “Informamos que não haverá alteração no valor da mensalidade porque as aulas estão ocorrendo normalmente em ambiente virtual de maneira simultânea, ou seja, no exato horário programado. Isso significa que todos os professores estão trabalhando normalmente e recebendo seus vencimentos regularmente, bem como os demais funcionários. ” vejo um grande desrespeito.

      1. Desrespeito é você querer obrigar a instituição aplicar desconto. Você sabia que eles tem custo e que o maior custo é com folha de pagamento . Se isso continuar assim, os funcionários serão demitidos ou terão que ter seus salários reduzidos . Isso é justo ? Brasileiro é muito mau caráter, quer levar vantagem em tudo. Se continua a receber o mesmo salário, não tem motivo para pedir redução de mensalidade.

        1. e os alunos que foram despejados? que não tem mais condições de pagar a mensalidade integral? e aos que não se adequam ao formato EAD ? que pagaram para ter cursos presenciais? você acha isso justo.

    12. O grande problema e que no caso de pais de alunos que estão com salario ja reduzido , e as contas não foram reduzidas , logo no final as contas não irão fechar , sempre ira faltar dinheiro para que pague no total , então por enquanto durar essa situação seria justo reduzir não so conta do ensino particular mas também todas as contas fixas , pois não tem como saldar todas as contas

    13. mesmo como mais de 50 dia em um caus que estamos vivendo n temos o parecer favorável das universidades particulares referente aos cursos que devem ser presencial e mesmo assim n se fala em desconto sendo que curso DIREITO e neste mesmo ano a própria OAB teve seus exames cancelados por este mesmo motivo mas ainda assim universidade não nos auxilia quanto a isso somente fala q manterá como esta sendo.Quando o Procon ira se posicionar quanto a isso !!

    14. Estudo Direito na Anhanguera e solicitei que o semestre corrente fosse colocado para cursar no final, pois não tenho condições de assistir as aulas pelo teams. Não tenho computador e internet ilimitada! Só foi oferecido o trancamento ou cancelamento. Pois a matrícula foi trancada no dia 29/05/2020 e a instituição enviou meu nome para uma agência de cobrança e ameaça negativar meu CPF.
      Estão cobrando multa, três mensalidades que foram jogadas para o fim do curso e uma apostila que nunca recebi.
      É o fim!
      Eu não estou cursando o ensino fundamental ou médio em uma instituição pública!
      Eu sou consumidora de uma prestação de serviços!
      Eu aceitei um contrato presencial e não EAD, ainda que o MEC tenha autorizado.
      Estão alegando quebra de contrato!??????? É o fim do mundo mesmo!
      E olha que eu nem pedi o dinheiro de volta.
      Eu só pedi para continuar pagando as mensalidades e ter a oportunidade de ficar um semestre a mais para cumprimento do contrato.
      Absurdo!
      A credit cash liga o dia inteiro pra mim pra cobrar o valor de R$4999,00 + R$07,63 da apostila.
      Será que existe alguém que possa ajudar?

      1. Eu estudo Fisioterapia na Anhanguera , estou no 9 semestre, primeiro que esse semestre nao aprendi nada e segundo que a mensalidade nao abaixou 1 centavo, essa instituição nao tem respeito com os alunos, essa conversa e investimentos no portal do aluno é uma balela, portal sempre instável e com problemas.
        A minha turma é um bando de puxa saco , c tivesse uma turma unida todos iriam entrar em uma ação conjunta para derrubar essa palhaçada, mas apenas eu tomei a frente infelizmente apenas eu entrar com uma ação nao teria exito.
        Aqui onde moro Joinville a PUC(catolica) todos os alunos entraram em uma ação conjunto contra a faculdade e tiverem exito, se a sua turma for unida entra sim.

    15. Corrigindo…
      A matrícula foi trancada em 29/04/2020.

    16. Faço pós-graduação em uma Instituição muito reconhecida e importante, o valor das mensalidades se mantiveram, R$710,00. O problema é que nem aula online eles estão dando, ou seja, to pagando e não estou aprendendo nada.

    17. Porque o MEC não toma um posicionamento?
      Há um impasse, e com justa razão e direito não são as instituições de ensino que está e serão prejudica com está alternativa improvisada, sem planejamento, sem consulta ou diálogo ou o mínimo de respeito com algo tão sublime como a educação.
      Quem foi que afirmou que todos os alunos tem condições ou capacidades técnicas mínimas de assumir um estudo com os pré requisitos que um curso EAD exige?
      Quem foi que afirmou que as instituições tem a competência, conhecimento, know-how ou seriedade para iniciar e implementar o sistema da modalidade EAD com a qualidade exigível para o bom desenvolvimento de quem vai ter continuar o estudos. Como vai ficar o nível de aprendizagem.

      Das instituições de ensino não é possível esperar muito, claro que ressalvando-se algumas, pois é notório que a educação assumidamente tornou-se um negócio especulativo financeiro dos mais tamanhos deste país.
      Mais e o MEC, porque se abstém do ser o mediador? Fixou o segundo semestre como período de ensino à distância e pronto?

      Na educação só existe o lado das instituições de ensino, e assim a visão do MEC? Basta atender um lado e pronto?
      Qual é a leitura que a população deve fazer, seguindo os demais apelos acima sobre a atuação do MEC?
      Que tal o MEC iniciar fazendo um pequeno questionário aos estudantes e país de estudantes sobre como está a situação neste momento, como foi a experiência até aqui, o que pode ser feito nos próximos meses?
      Más, e muito provável que o MEC nao vai fazer.
      Sabe porque, como muitas outras coisas no Brasil e em Brasília nada mudou ou vai mudar.
      Educação era pra ser coisas séria!
      Contudo, fique tranquilo, que o essencial, o impreterivel o basilar de uma sociedade vai haver. Eleições.

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