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A revolução dos MOOCs pode estar apenas começando

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Os MOOCs são mais uma forma de aprender online (Foto: Coursera)

Muito já falamos aqui sobre os MOOCs (massive online open courses, ou cursos massivos e abertos online, em português), desde o que eles ensinaram aos gestores em termos de inovação, passando pelos novos interesses que despertaram, até o desafio que enfrentam, de manterem-se gratuitos no futuro. O surgimento desses cursos foi uma verdadeira revolução na área da educação, mas será sua derrocada?

Julia Stiglitz, diretora do Coursera, plataforma que oferece cursos online gratuitamente, afirmou, em entrevista ao Education Dive, que, na realidade, essa revolução está só começando. O momento é certo, portanto, para que gestores sigam acompanhando esses cursos, a fim de tirar proveito de boas lições aplicáveis a suas instituições.

O sucesso do surgimento dos cursos abertos online trouxe para a área da educação uma nova luz a respeito da educação a distância. Tais como informações sobre quanto de tempo alunos estão dispostos a dedicar à sua educação online, a estrutura específica de um curso em modelo digital e a diversidade presente nas turmas.

Para Julia Stiglitz, apesar de, no começo, os MOOCs atingirem os mais diversos tipos de alunos, se destaca a presença dos life learners entre os que procuram esses cursos, inclusive formando uma categoria específica de estudantes.

O life learner (aprendiz para a vida, em uma tradução livre) são pessoas que seguem estudando, mesmo sem a necessidade ou já possuindo graduação e carreira. Muitas vezes, o fazem apenas pelo prazer de aprender, sem o foco em um assunto específico. Os life learners, portanto, não são atingidos por uma das maiores reclamações com relação à estrutura dos MOOCs, que é a dificuldade de completar uma formação por meio desse formato.

Julia acredita, no entanto, que o desafio e a flexibilidade são as principais características dos MOOCs e que elas devem ser mantidas a fim de ter um alcance a um público com diferentes intenções.

Além dos life learners, outro grupo de estudantes também se destaca na procura pelos MOOCs: aqueles que precisam de credenciais para melhorar seus currículos e poder se candidatar para certos empregos. Essas pessoas estão dispostas a pagar por seus certificados, que nem sempre são gratuitos como é o conteúdo do curso.

Sobre isso, é interessante notar que essa é uma demanda também do perfil do aluno dos cursos superiores em EAD: a formação continuada e a constante renovação na carreira. Dessa forma, é importante que os gestores das instituições de ensino estejam sempre cientes das constantes transformações do meio empresarial, a fim de fornecer a seus alunos uma atualização certeira e que faça a diferença na sua vida profissional.

Um assunto abordado na entrevista e que serve como uma interessante inspiração para todo gestor é a parceria firmada entre a Coursera e a empresa aérea Jet Blue. A proposta é que, em vez de assistirem a filmes durante o vôo, os passageiros tenham a oportunidade de assistir a uma aula. Essa é uma forma para que pessoas possam aproveitar todo o tempo que passam dentro de aviões para estudar e adquirir conhecimento.

Muitas pessoas já fazem isso com seus tablets ou notebooks e conteúdos offline. Outra possibilidade citada por Julia é o uso do material de seus cursos para treinamento dentro de empresas. Essas são maneiras de continuar o processo iniciado com o surgimento dos MOOCs, criando novas iniciativas e possibilidades.

As longas viagens de avião podem se transformar em horas-aula (Foto: JetBlue)

As longas viagens de avião podem se transformar em horas-aula (Foto: JetBlue)

Os MOOCs, portanto, não são exatamente uma ameaça para o ensino superior. Antes, eles são capazes de fornecer conhecimento contínuo aos life learners e credenciais para os profissionais, dentre outros interesses que quem procura esses cursos podem ter.

No entanto, como afirma Julia Stiglitz, essa não é uma revolução em sua fase final, pois o mundo da educação online está constantemente se renovando e, enquanto a sua instituição puder acompanhar essas mudanças, permanecerá. Ela diz, porém, que a Coursera deve trabalhar em conjunto com as instituições de ensino superior, prestando suporte para pensar como qualificar o ensino, especialmente com relação a mercados emergentes.

A produtora de conteúdo para ensino superior SAGAH – Soluções Educacionais Integradas é um exemplo de empresa que já oferece o serviço de personalização do conteúdo que fornece, no qual o corpo docente da instituição de ensino em questão pode, inclusive, participar das videoaulas dos cursos por ela oferecidos.

A partir da postura da Coursera com relação às IES e ao surgimento de serviços como os prestados pela SAGAH, podemos refletir: de que forma o ensino superior e digital pode cumprir o papel proposto pelos MOOCs dentro da própria universidade? Talvez essa qualificação fornecida por empresas especializadas em prestar suporte educacional seja o próximo desafio da instituição de ensino com relação à revolução iniciada e perpetuada por esses cursos.

E a sua instituição? O que aprendeu a partir do surgimento dos cursos abertos e massivos online? Houve mudanças em sua estrutura? Compartilhe conosco sua experiência e dê continuidade ao debate.

Foto em destaque: Os MOOCs são mais uma forma de aprender online. Crédito: Coursera/Divulgação.

 

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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