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Por que o trabalho híbrido não engrenou nas IES brasileiras

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O trabalho híbrido é uma das principais tendências no mundo pós-pandemia. O modelo, que mescla a atuação retoma e a presencial, traz uma série de benefícios – como flexibilidade e economia – para profissionais e empresas.

Segundo uma pesquisa da KPMG realizada no Brasil, 2022 vai marcar a retomada da presencialidade no mercado de trabalho. Nesse cenário, a maioria das companhias ouvidas pela pesquisa vai apostar no hibridismo: entre as 287 entrevistadas de diversos setores, 85% decidiram adotar o modelo híbrido.

Mas o cenário não é o mesmo nas instituições de ensino superior (IES). Em boa parte delas, como na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), os profissionais dos setores administrativos estão trabalhando apenas presencialmente.

Por que, afinal, o trabalho híbrido não engrenou nas IES brasileiras?

O que dizem a ANUP e a ABMES

A presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (ANUP), Elizabeth Guedes, afirma que o home office parcial ou integral nas IES brasileiras não é uma tendencia consolidada.

“Trabalhamos em times, e este convívio presencial é muito importante. Desta forma, é inescapável que permaneçam no sistema híbrido apenas as funções que não demandem contato com alunos, professores e outros funcionários”, explica.

Entretanto, segundo Guedes, o ensino mediado por tecnologia é uma realidade em universidades de todo o mundo. E, portanto, é natural que os profissionais envolvidos tenham parte do seu trabalho levado para o home office. “Novamente, isto irá depender das metodologias adotadas e das características de cada instituição”, pontua.

O diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Celso Niskier, é mais otimista em relação ao trabalho híbrido nas IES. “Pela nossa experiência, as instituições têm adotado formas híbridas, principalmente para a realização de reuniões”, diz.

Niskier, que também é reitor da Unicarioca, acredita que o trabalho administrativo nas instituições de ensino superior está se moldando à realidade pós-pandemia. Isso passa pela combinação de encontros presenciais com atividades remotas.

“Eu vejo que as IES estão se adaptando na linha do que muitas outras organizações não educacionais estão fazendo. Eu sou otimista e acredito que essa mudança possa acontecer tanto no acadêmico quanto no administrativo”, afirma.

Leia mais: O desafio de adequar a gestão das IES em tempos de mudanças do mercado

O cenário nas universidades federais

Daniel Coronel é pró-reitor de gestão de pessoas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Para ele, o balanço dos dois últimos anos em trabalho de home office é positivo, uma vez que a instituição conseguiu manter suas atividades.

Na sua visão, a adoção do modelo híbrido depende do estabelecimento de parâmetros de produtividade para acompanhar melhor o desenvolvimento laboral das equipes. Além disso, será necessário pensar, cada vez mais, no bem-estar dos servidores que não estão nas sedes das instituições.

Em março, a UFSM voltou ao trabalho 100% presencial, respeitando as questões de saúde, segurança e prevenção. Atualmente, apenas os servidores com comorbidades ou idade acima de 60 anos estão trabalhando de forma remota.

Na Universidade Federal da Bahia (UFBA), as atividades presenciais também foram retomadas.  A decisão foi tomada pelo Conselho Universitário em 12 de novembro de 2021 e ratificada na reunião do dia 23 de fevereiro de 2022, após avaliação do cenário epidemiológico.

Já na Universidade Federal do Tocantins (UFT) as atividades administrativas voltaram ao modelo presencial em fevereiro. A retomada está sendo feita de forma gradual, de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde e da infraestrutura de cada unidade.

Leia mais: A reconfiguração das IES no pós-pandemia

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1 Comment

  1. Um ponto de vista é a vista de um ponto… um dos meu professores costumava dizer… Para responder a pergunta feita no artigo acima se faz necessário coompreender a gama de atividades que uma universidade executa, mas o artigo deixa claro que sua preocupação é com “os profissionais dos setores administrativos ” no fundo tudo se resolve com tecnologia? Digo isso pq qdo se fala do administrativo de uma IES falamos do que: Emissão de Documentos como Carta de Apresentação para Estagio, Historico e Grades Curso , Termo de Conclusão de Curso , Quitação de pagamentos , matricula entre outras entregas e retiradas de documentos… Ora mas o outro lado interessado tem acesso a tecnologia de sua casa para a Impressão desses documentos que poderiam ser requisitados virtualmente em um “Portal ou Secretaria/ Tesouraria on line”? e os custos de implantação / Manutenção do sistema seriam menores, maiores ou iguais aos de manter uma operação presencial? E muito comodo dizer o Gestor tende a ser controlador e quer observar de modo a manter a produtividade da equipe na forma presencial, mas entendo que existes outros fatores e circustancias… adequar as mudanças do mercado? Agora mesmo existe um post dizendo que as Start up estão demitindo, vamos nos adequar ao mercado: vc trabalha home Office e não mais recebe os beneficios de vale combustivel ou vale transporte , Vale refeição entre outras questões cmo o relacionamento com os alunos/ estudantes que já estão presencialmente no local (disciplinas de laboratório e praticas acadêmicas)… Essa conjectura está ficando extensa gostaria da contribuição dos colegas … Pq o dia de 6 ou 4 horas tbm não engrenou nas empresas? Ou a proposta da Reforma trabalhista de trabalho intermitente… Como dise tudo são analises…

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