Livro explica o papel do ateliê na educação infantil

Redação Pátio • 22 de junho de 2020

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit

Acompanhe

    Os trechos abaixo compõem o primeiro capítulo da 2ª edição de O papel do ateliê na educação infantil: a inspiração de Reggio Emilia  “ . Lançado em 2019 pelo selo Penso, do Grupo A, o livro narra experiências de crianças que interagem com materiais ricos – e como isso impacta na abordagem de creches e pré-escolas para a construção e a expressão do pensamento e da aprendizagem.


    “Não esconderei de você toda a esperança que investimos na implementação do ateliê . Sabíamos que seria impossível pedir mais. Ainda assim, se pudéssemos, teríamos ido além, criando uma escola […] formada inteiramente por laboratórios semelhantes ao ateliê. Teríamos construído uma […] escola formada por espaços onde as mãos das crianças pudessem estar ativas para “fazer bagunça”. Sem possibilidade de se entediar, mãos e mentes se envolveriam em uma grande alegria libertadora, de modo ordenado pela biologia e pela evolução.”

    A fala acima é de Loris Malaguzzi, considerado o pai da abordagem Reggio Emilia. A citação abre o primeiro capítulo da 2ª edição de O papel do ateliê na educação infantil: a inspiração de Reggio Emilia . Na condição de quatro organizadores, temos muito prazer em compartilhar com vocês alguns trechos deste capítulo.

    Recebemos muito incentivo para ampliar e atualizar este livro com muitas das iniciativas e dos avanços mais recentes e empolgantes, tanto em Reggio Emilia quanto na América do Norte. Vocês encontrarão alguns capítulos novos e outros que permanecem inalterados.

    A argila, o desenho, a pintura, tudo isso vira um canal de elaboração e construção de conhecimento. Crédito: Pexels.

    A força do ateliê

    A importância do ateliê, ou do studio (como costuma ser chamado na América do Norte), no apoio a formas estéticas e poéticas de conhecimento é maior do que nunca. Por meio de histórias, os capítulos deste livro apresentam esse tipo de aprendizagem rica e profunda.

    Esta 2ª edição de um livro sobre o desenvolvimento do ateliê na América do Norte continua sendo uma expedição em território desconhecido. A 1ª edição foi o primeiro livro do tipo a tratar especificamente dos valores e do clima de aprendizagem inspirados no ateliê de Reggio Emilia, que Loris Malaguzzi evoca na citação.

    Portanto, enxergamos o livro como um convite para olhar a realidade como se ela pudesse ser de outra forma. Acreditamos que o ato de olhar profundamente e enxergar as circunstâncias por outro viés tem potencial para reestruturar e reformar nossas experiências de ensino e de aprendizagem. O ateliê é, de uma só vez, uma ideia e um lugar que deu início a esse tipo de transformação.

    Experiências da América do Norte

    A transformação do ensino e da aprendizagem na América do Norte, que descrevemos neste livro, tem suas raízes na experiência das pré-escolas e creches municipais da cidade de Reggio Emilia, localizada no norte da Itália.

    Essas escolas nasceram a partir de um movimento progressista italiano da década de 1950. Influenciadas pelo trabalho de Piaget, Dewey, Montessori, Hawkins e outros pensadores inovadores em educação, psicologia, biologia e arquitetura, entre outros campos, elas foram sabiamente apoiadas desde o começo pelos governos regional e local.

    Um dos pilares centrais da abordagem de Reggio Emilia, que tem orientado e continua a motivar o trabalho dos educadores italianos, é a ideia de que toda criança é criativa, repleta de potencial e tem o desejo e o direito de produzir sentido a partir da vida dentro do contexto de relacionamentos ricos em muitos sentidos e usando muitas linguagens. Foi a partir dessa premissa fundamental que o ateliê foi concebido e desenvolvido, e ainda evolui.

    Nós, certamente, tivemos muita sorte de que vários educadores italianos tenham contribuído com sua experiência e suas ideias para este livro, bem como suas reflexões mais recentes sobre o desenvolvimento e o potencial do ateliê, por meio de suas entrevistas a Lella Gandini e seus próprios textos. O livro apresenta um diálogo entre culturas, ideias e teorias e práticas em constante aprofundamento.

    Organizando ideias e perguntas

    Em vários capítulos, refletiremos sobre as práticas alimentadas e desenvolvidas em um ateliê, as quais nascem de posturas e disposições possíveis em uma escola com ou sem um espaço físico chamado de ateliê. Refletindo sobre a maneira como trabalhamos com as crianças e entre nós mesmos, passamos a adotar aquelas práticas que se encaixam como um quebra-cabeça ou prisma. Acreditamos, reconhecemos e respeitamos as seguintes:

    • Promover experiências ricas no mundo e com materiais, em conjunto com as crianças.
    • Questionar, com as crianças, o que elas veem, pensam e sentem, e como compreendem as experiências.
    • Observar, perceber e registrar.
    • Levantar hipóteses e suscitar novas questões com adultos e crianças.
    • Procurar e descobrir ideias subjacentes ou gerais.
    • Produzir sentido, como adultos e crianças, ao conectar experiências, ideias e materiais à cultura da escola e da comunidade como um todo.

    Tanto os autores italianos quanto os norte-americanos também abordarão os aspectos mais tangíveis do ateliê, incluindo histórias sobre a organização e o cuidado com o ambiente e os materiais, pequenos e grandes projetos explorados em muitos espaços dentro de uma escola e os sistemas do ateliê (como modo de trabalhar e como espaço físico) que promovem cooperação, raciocínio profundo e produção de sentido entre todos os membros da comunidade de aprendizagem.

    Por meio do diálogo, observamos que muitas dessas práticas se integraram ao nosso estilo de ensinar e trabalhar. Essas posturas estão no coração da filosofia de Reggio, e queremos que elas definam o espírito das escolas onde trabalhamos.

    A técnica de atêlie não se organiza por aulas. Ele está centrado na experiência da criança. Crédito: Marcos Santos/USP.

    Nossas próprias transformações profissionais e pessoais foram moldadas por muitas ideias e perguntas, por exemplo:

    • O que promove o poder e o prazer de aprender com materiais e por meio deles?
    • Como um ateliê pode inspirar e favorecer pensamento e aprendizagem inovadores na comunidade escolar?
    • Que tipo de organização e interconexões entre materiais, espaços, pessoas e ideias precisamos inventar em nosso contexto norte-americano para que as linguagens expressivas e poéticas floresçam e tornem a experiência de ensino e de aprendizagem rica e integral?

    Essas e outras perguntas criam o contexto deste livro e serão examinadas e entretecidas em suas páginas.

    Título: O papel do ateliê na educação infantil: a inspiração de Reggio Emilia
    Autores: Lella Gandini  ,  Lynn T. Hill, Louise Cadwell , Charles Schwall
    Editora:  Selo Penso, Grupo A Educação
    Ano:  2019
    N° de páginas : 224
    Preço médio : R$ 55,00

    Por Redação Pátio

    Gostou deste conteúdo? Compartilhe com seus amigos!

     Categorias

    Ensino Superior

    Ensino Básico

    Gestão Educacional

    Inteligência Artificial

    Metodologias de Ensino

    Colunistas

    Olhar do Especialista

    Eventos

    Conteúdo Relacionado