Como criar uma cultura do feedback no ensino superior

Renata Cardoso • 18 de julho de 2022

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit

Acompanhe

    O feedback é essencial para múltiplas relações dentro das instituições de ensino superior (IES). Criar um ambiente aberto ao diálogo impacta, por exemplo, na performance dos colaboradores e no aprendizado dos alunos.

    A seguir, o Desafios da Educação explica como desenvolver uma cultura do feedback nas IES a partir de quatro fatores – e, por fim, como essa prática pode gerar resultados positivos em sala de aula.

    Criando a cultura

    Em artigo publicado na Harvard Business Review , o coach executivo e instrutor na Stanford Graduate School of Business, Ed Batista, definiu quatro passos para construir e colocar em prática uma cultura rica em feedback.

    Confira, abaixo, quais são eles:

    1) Segurança e Confiança

    Para dar e receber um feedback sincero, as pessoas precisam sentir segurança e confiança. Isso não significa evitar o confronto ou oferecer apenas apoio. Significa estar altamente sintonizado com os colegas.

    É importante que a equipe se conheça para além dos compromissos de trabalho e que a o ambiente seja seguro para falar sobre emoções. Além disso, o feedback deve acontecer apenas quando as pessoas estiverem preparadas para recebê-lo.

    2) Equilíbrio

    Segundo uma pesquisa realizada na Universidade de Ghent, na Bélgica, o feedback positivo promove o autodesenvolvimento. Para isso, o feedback deve combinar uma crítica honesta com comentários verdadeiramente significativos.

    Para estabelecer o equilíbrio entre os retornos positivos e negativos, a dica é oferecer algum feedback positivo… e parar por aí.   Muitas vezes, o feedback positivo é usado para amortecer o golpe antes das críticas, mas essa prática degrada o valor do elogio e o torna vazio.

    Nesse sentido, uma saída é elogiar o esforço – não a habilidade. Uma pesquisa da professora de psicologia da Universidade de Stanford, Carol Dweck, sugere que elogiar esforços persistentes, mesmo em tentativas fracassadas, ajuda a desenvolver resiliência e determinação. Por outro lado, elogiar talentos e habilidades resulta em aversão ao risco e sensibilidade aos contratempos.

    3) Rotina

    Um feedback integrado à rotina diária das equipes é a melhor maneira de normalizar a comunicação dentro da IES. Se o feedback acontece apenas em avaliações de desempenho ou quando algo dá errado, ele nunca será uma parte orgânica da cultura organizacional.

    Muitas vezes, o feedback pode ser simples e rápido, sem muita preparação. Inclusive, quando houver segurança e equilíbrio na equipe, é possível realizar um feedback crítico para grupos maiores, o que faz com que todos aprendam com as questões em discussões.

    4) Responsabilidade Pessoal

    A equipe precisa saber que os líderes também estão tentando melhorar em dar e receber feedback . Pedir a opinião do grupo – colegas, superiores e subordinados diretos – sobre como o retorno está sendo dado é fundamental.

    Ou seja, transparência é uma palavra-chave. Líderes e equipe não podem apenas esperar pelo feedback. Eles devem solicitá-lo explicitamente para, de fato, criar uma cultura de comunicação.

    Impacto na aprendizagem

    Em artigo publicado recentemente, Naomi Winstone , especialista em avaliação e feedback , professora de Psicologia Educacional e diretora do Surrey Institute of Education, caracterizou a cultura do feedback no ensino superior a partir da análise das estratégias adotadas por 134 universidades do Reino Unido.

    A autora explica que o processo e a prática do feedback não ocorrem em um vácuo contextual: as maneiras pelas quais o feedback é feito são influenciadas por fatores intrapessoais e interpessoais, bem como pelos ambientes em que um indivíduo trabalha.

    Esses fatores interagem para criar culturas de feedback que representam crenças, valores e repertórios de prática compartilhados dentro do ambiente educacional. Ou seja, a cultura organizacional da IES impacta diretamente na forma como os professores se relacionam e como aprendem a dar feedbacks aos alunos, o que influencia na aprendizagem.

    Entretanto, a análise da prática nas universidades britânicas revelou a presença majoritária de um feedback passivo, com a transmissão unidirecional de informações do professor para o aluno.

    Para ter foco no aprendizado, defende Winstone, o feedback em sala de aula deve ser um processo de mão dupla, no qual a participação dos alunos é fundamental para o sucesso. “Para mudar para culturas de feedback focadas no aprendizado, deve-se considerar como os papéis e responsabilidades dos alunos são posicionados tanto na política quanto na prática pedagógica”, sugere.

    Por Renata Cardoso

    Gostou deste conteúdo? Compartilhe com seus amigos!

     Categorias

    Ensino Superior

    Ensino Básico

    Gestão Educacional

    Inteligência Artificial

    Metodologias de Ensino

    Colunistas

    Olhar do Especialista

    Eventos

    Conteúdo Relacionado