O que é etarismo e como ele acontece nas universidades

Ana Carolina Stobbe • 23 de março de 2023

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit

Acompanhe

    Nas últimas semanas, o termo “etarismo” tem aparecido com frequência na mídia e nas redes sociais. Principalmente após a viralização de um vídeo em que Patrícia Linares, uma estudante de 45 anos, sofria preconceito em virtude da idade.

    Estudantes ofenderam caloura por ter mais de 40 anos. Crédito: Reprodução de vídeo.

    Nas imagens, colegas mais jovens de Linares questionam como poderiam “trancar a matrícula” dela no curso de Biomedicina da Universidade Unisagrado, em Bauru, no interior de São Paulo, e que a estudante já deveria “estar aposentada”.

    Embora cada vez mais pessoas acima de 40 anos estejam voltando a estudar ou ingressando na graduação – hoje, há quase 600 mil estudantes nessa condição, o que representa um aumento de 171,1% de 2012 a 2021, segundo o Censo da Educação Superior –, o preconceito e a exclusão não são casos isolados.

    O bullying e a exclusão

    Uma pessoa que passou por um caso semelhante foi o gestor público e social media mineiro Ernane de Paula Pereira. Ele relata que voltou a estudar já adulto, tendo concluído o ensino básico por meio do supletivo. Aos 48 anos prestou vestibular para o curso de Jogos Digitais.

    O que era para ser a realização de um sonho logo se transformou em um grande problema. “Eu era o aluno mais velho da turma e, na hora de dividir os grupos para um trabalho, fui eliminado por todos”, relembra.

    À época, Pereira chegou a se queixar aos professores do isolamento, mas o problema não foi solucionado. Por isso, optou por trancar sua matrícula. “Eu sofri a rejeição até um momento em que me levantei na sala de aula e agradeci a cada um dos alunos por me negarem o direito de aprender”, afirma.


    Leia mais:


    Apesar das dificuldades que já havia enfrentado na graduação, ele optou por fazer vestibular mais uma vez, incentivado por seu chefe, para o curso de Gestão da Qualidade e Pública. No entanto, não esperava que a experiência seria um estopim para o surgimento de problemas psicológicos.

    “Eu lembro que, já no dia de apresentação, eu era o mais velho da turma mais uma vez e ouvi de longe: ‘Ih, esse aí é doido’. Quando disse que era funcionário público, quiseram me incluir nos grupos. Mas a situação começou a piorar quando desenvolvi problemas com a diretora da instituição. Cheguei a desistir de tudo quando voltei a ser excluído”, relata.

    Ernane de Paula Pereira. Crédito: Arquivo pessoal.

    Foi por meio do apoio da família, das coordenadoras do curso e do chefe – o mesmo que o levou a prestar vestibular – que Pereira retornou à universidade.

    Dessa vez, conseguiu concluir o curso de Gestão, aos 52 anos. “Não fui convidado para o dia da diplomação, mas não me importei. Recebi o diploma com um número menor de pessoas, com mérito acadêmico, e fui aplaudido”, diz.

    Hoje, ele é responsável por gerenciar as redes sociais de dois deputados mineiros e do seu antigo chefe, que assumiu o posto de vice-presidente do Tribunal de Contas de Minas Gerais. Além disso, mantém um blog onde compartilha seus trabalhos.

    O que é etarismo?

    O etarismo é definido como o preconceito em virtude da idade de uma pessoa, geralmente mais velha. Ele aparece de muitas formas: por meio de agressões verbais (como nos casos de Patrícia Linares e Ernane Pereira), exclusão e, até mesmo, violência física.

    Além de estar presente nas universidades, o etarismo também é comum no mercado de trabalho. Isso porque muitas vagas deixam de contratar pessoas por considerá-las “velhas demais” e, portanto, “desatualizadas” ou “incapazes” de exercer determinada função, independentemente da qualificação do profissional.

    Mudança de carreira: maior diversidade nas IES

    De acordo com dados da pesquisa Work 2022: A Global Workforce View, realizada pelo instituto ADP Research em 17 países, 80% dos brasileiros consideram mudar de carreira. Entre os fatores determinantes para essa decisão, destacam-se a busca por realização pessoal e melhores oportunidades. O empreendedorismo também é visto como um propulsor.

    Para alcançar esse objetivo, muitas vezes é necessário realizar uma nova graduação. Até mesmo para quem deseja abrir seu próprio negócio, cursos como o de Administração podem ser interessantes. Com essa tendência, a lógica é que pessoas recém-formadas no Ensino Médio tenham um convívio maior no meio acadêmico com pessoas mais velhas que eles. Uma troca de experiências na qual, sem dúvida, todos saem ganhando.


    Por Ana Carolina Stobbe

    Gostou deste conteúdo? Compartilhe com seus amigos!

     Categorias

    Ensino Superior

    Ensino Básico

    Gestão Educacional

    Inteligência Artificial

    Metodologias de Ensino

    Colunistas

    Olhar do Especialista

    Eventos

    Conteúdo Relacionado