Maria Thereza Marcilio: 5 livros para entender o papel do professor

Redação • 3 de fevereiro de 2020

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    Os que ensinam também precisam aprender. E guiar crianças e jovens no seu processo de compreensão do mundo não é tarefa fácil. Ainda mais com a frenética transformação social e digital.

    Maria Thereza Marcilio. Crédito: divulgação

    O aluno é como um solo fértil, onde é preciso semear as melhores s ementes para que produzam bons frutos. Pensando nessa responsabilidade, a consultora associada da ONG Avante e especialista em educação infantil e em direitos das crianças, Maria Thereza Marcilio, indicou (e justificou) com exclusividade para o portal Desafios da Educação 5 livros para que os professores entendam o seu papel nas escolas. Confira. 

    Aprendizagem do adulto professor    

    “Ensinar é uma prática social porque envolve diferentes atores, porque influencia e é influenciada pelo contexto social, porque é uma função reconhecida publicamente.  A compreensão deste conceito de ensino tem implicações para a escola como instituição social à qual se delega a função de formar os novos membros da sociedade, transmitindo-lhes os conhecimentos, valores, técnicas e habilidades que compõem a cultura do grupo.      

    Como profissional responsável pela tarefa de ensinar, o professor tem que ter consciência da complexidade da mesma, permanecendo sintonizado com o mundo, identificando a direção a ser seguida, promovendo e facilitando as trocas com a sociedade.

    No seu fazer cotidiano, nas práticas escolhidas, nas estratégias elaboradas, nas intervenções propostas, o professor tem que ter presente que os alunos vão para a escola para aprender a ser, a conviver, a aprender, a construir, a sonhar, por isso a escola não pode estar distante da realidade, de costas para a vida.  

    Ensinar é, portanto, uma tarefa delicada, pois, como diz Régis de Moraes ‘educar é intervir em vidas e para tal é necessário suavidade, delicadeza, ciência e arte’.   Requer conhecimento profundo do objeto do conhecimento, do sujeito aprendiz, de si mesmo e da ciência didática.    

    Além destes conhecimentos, ser professor requer atitudes de escuta, de compaixão e acolhimento – genuína solidariedade – e de encantamento permanente. Mais ainda, a capacidade de lidar com o inusitado e de conviver com a insegurança.    

    Ser professor requer qualidades e atitudes de criador. O criador é aquele que zela, se preocupa, se coloca disponível, se aproxima da criação; é sobretudo aquele que extrai prazer e se alimenta com a criação. Aqui reside a chama, a alma e a marca do ser professor, e talvez esteja aqui o limite que se impõe a quem não é professor.

    Estas qualidades não são facilmente mensuráveis e não são parte do patrimônio genético, não é algo com que se nasce. Portanto, ser professor, não é, definitivamente, para todo o mundo. Por outro lado, lidar com o inusitado pertence ao cotidiano da profissão o que faz com que o exercício desta exija do professor a capacidade de enfrentar problemas mal definidos, para os quais não há uma fórmula ou receita única.     

    O livro Aprendizagem do adulto professor aborda com delicadeza e profundidade necessárias o lugar do professor como sujeito que aprende e como um elemento fundamental na relação com outros sujeitos.”    

    Capa do livro Aprendizagem do adulto professor

    Título do livro: Aprendizagem do adulto professor
    Autor: Vera Maria Nigro de Souza Placco e Vera Lucia Trevisan de Souza (orgs.)
    Editora: Edições Loyola
    Ano: 2006 (2ª edição)
    Nº de páginas: 96
    Preço médio: R$ 25,50

    Como Alfabetizar? Na roda com professoras dos anos iniciais  

    Tarefa das mais complexas e delicadas é guiar as crianças no seu processo de compreensão do mundo letrado. Neste sentido, o importante é entender que a escrita não é simplesmente a transcrição de um código já elaborado, mas sim, que no processo de aquisição da leitura e escrita cada criança refaz o caminho percorrido pelo primeiro homem que traduziu em símbolos escritos a sua fala. Trata-se, portanto, de um processo de construção (muito mais complexo e demandando um outro tempo) e não de simples transcrição, é essencialmente uma forma de representar o mundo.    

    Mais uma vez essa percepção fará com que o professor e aluno se vejam como sujeitos de fato, ambos possuindo uma bagagem linguística, ambos usando a linguagem como importante instrumento de comunicação, seja ele letrado ou não.  O processo de alfabetização assume outra característica, outra força, reduzindo a importância dos treinos motores, os exercícios silábicos, as cópias. 

    Ele pressupõe a leitura do mundo como antecedente e possibilita a construção da história de cada um a partir da visão única como sujeito no mundo.  Ele exige a presença de interlocutores reais, de ouvintes e falantes interessados.    

    Por isso, é de fundamental importância que o professor conheça e entenda a bagagem linguística do aluno e conheça as diferenças entre variedade e déficit linguístico, variedade e patologia da linguagem.

    De fundamental importância também é o reconhecimento da alfabetização como um direito de todas as crianças o que significa um compromisso político, na prática significa dizer:- não à ‘cultura da repetência’, à ‘pedagogia da repetência’.    

    • sim à possibilidade de aprender como constitutiva de todo ser humano e ao fato de que ela não pode ser segmentada de forma tão rígida.
    • sim à democratização da escola pela garantia de acesso, permanência e sucesso de todas as crianças.
    • sim à concepção de o processo de ensino conduzido pelo professor ser um elemento de uma relação triangular, em que os outros vértices são: processo de aprendizagem dos alunos como sujeitos e o conhecimento do objeto a ser aprendido.

    O livro Como alfabetizar? Na roda com professoras dos anos iniciais traz um olhar atento e respeitoso sobre essas questões não caindo na tentação de oferecer soluções ‘milagrosas’ e simplistas para elas.”    

    Capa do livro Como Alfabetizar? Na roda com professoras dos anos iniciais

    Título do livro: Como Alfabetizar? Na roda com professoras dos anos iniciais
    Autor: Marta Lima de Souza e Cecília M.A. Goulart
    Editora: Papirus Editora
    Ano: 2017
    Nº de páginas: 138 (e-book)
    Preço médio: R$ 39,50

    Formação Continuada de Professores    

    A função docente caracteriza-se por sua natureza teórico-prática, o que requer, além da formação inicial, uma formação continuada. A primeira, tendo como responsável a instituição formadora, a segunda sendo responsabilidade das agências empregadoras. Desta forma, explicita-se a necessidade da relação professor-aluno em sala de aula para que o professor se torne professor.

    Ao mesmo tempo, esta relação vivida na sala de aula torna-se o centro da formação continuada. Assim, enfrenta-se um problema: como analisar e estudar uma prática em que, aquele que deve estuda-la, é um dos atores principais, que está imerso no seu papel, vivendo-a como tal? Para que o professor possa realizar tarefas de metacognição é preciso evidenciar a prática, torná-la visível e analisável. É preciso saber o que dá certo, por que e como funciona, e em que circunstância foi feito.     

    O processo de formação continuada compreende a análise de prática por meio de narrativas compartilhadas mediante a utilização de diferentes abordagens; as quais podem ser, entre outras, a observação ao vivo e da escrita de relatórios diários. A reflexão coletiva a partir destes instrumentos permite o avanço e a transformação da prática.

    Só assim será possível converter nossos esquemas educativos, informais, fragmentados, locais e frequentemente inconsistentes, em representações mais próximas às de um especialista, oferecendo as condições para que a educação escolar seja, a um só tempo, elemento integrador e transformador da sociedade.    

    O livro de Francisco Imbernón traz elementos importantes para todos que atuam na formação de professores, com insumos fundamentais para a construção de uma cultura colaborativa.    

    Capa do livro Formação Continuada de Professores

    Título do livro: Formação Continuada de Professores
    Autor: Francisco Imbernon
    Editora: Penso
    Ano: 2010
    Nº de páginas: 120
    Preço médio: R$ 90,00

    Formação permanente do professorado: novas tendências    

    A educação como prática social é sempre situada histórica, social, geográfica e politicamente, portanto as demandas feitas a ela e as respostas possíveis são sempre circunstanciadas. Ademais, ao ter o conhecimento como um dos objetos de trabalho, é necessário que se compreenda a natureza provisória que ele tem e, portanto, enxergar a educação como algo em permanente transformação e não estática.     

    Paralelamente, entender as dimensões social, histórica e política da educação, da escola e do papel do professor é condição para que este seja um sujeito autônomo, tanto profissional quanto politicamente, capaz de posicionar-se e dirigir sua prática para alcançar os objetivos de formar o cidadão. 

    É preciso entender a busca do conhecimento pelo homem e as diferentes perspectivas e explicações dadas a esse processo ao longo da história. Este saber dá sentido à ação de educar, analisando: o que vale a pena ensinar? Para quê? Para quem?  

    O livro de Francisco Imbernón é uma leitura necessária para aqueles que tem como responsabilidade profissional a formação docente. Com clareza, aborda os conceitos fundamentais para uma prática docente que responde às demandas da sociedade e do momento.  

    Formación Docente e n Lectura y Escritura  

    Este livro é fundamental para a compreensão e o aprofundamento do processo de alfabetização. Ele se torna mais necessário ainda neste momento em que ressurge a ideia de método de alfabetização como elemento central para a aprendizagem da leitura e da escrita.   

    As autoras trazem a complexidade, a riqueza e a beleza deste processo com profundo respeito pelos sujeitos que aprendem e que ensinam. Ler e escrever são atividades essenciais para a vida em sociedade.

    Exercê-las com competência significa a possibilidade de uma cidadania plena e de acesso aos bens culturais. Reduzir estes processos – de ensino e de aprendizagem – a uma escolha de método é uma simplificação que não só os desmerece como revela menosprezo pelos que aprendem e desconhecimento dos que ensinam.     

    Capa do livro Formación Docente en Lectura y Escritura Título do livro: Formación Docente en Lectura y Escritura
    Autor: Delia Lerner, Paula Stella e Marta Torres
    Editora: Paidós
    Ano: 2009
    Nº de páginas: 240

    Por Redação

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