IA, mercado e educação em transição: o que ficou do 7º Encontro Nacional da MetaRed TIC Brasil

Repórter • 16 de junho de 2025

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    Com o tema “O futuro do trabalho: a tecnologia como agente de transformação”, o 7º Encontro Nacional da MetaRed TIC Brasil   reuniu, na última quinta-feira (12), no Centro Universitário São Camilo, em São Paulo, professores, gestores e profissionais de TI de diversas instituições de ensino superior.


    A programação concentrou-se em
    entender como a inteligência artificial (IA) e outras transformações digitais estão afetando as carreiras, o mercado e a prática docente — e o que as IES precisam fazer para acompanhar essas mudanças.


    A abertura do evento contou com participações de
    Lúcia Teixeira, presidente da MetaRed TIC Brasil e do Semesp; Carlos Ferrara Junior, pró-reitor acadêmico da São Camilo;Fábio José Garcia dos Reis, diretor de Inovação do Semesp; e Tomás Jiménez Garcia, coordenador da MetaRed Global.


    Transições simultâneas moldam um novo mundo do trabalho


    Para Rafael Alonso, gerente de produtos da Plataforma A, que acompanhou de perto as discussões do evento, a digitalização é apenas a superfície. Por trás dela, há transformações mais amplas que redesenham relações de trabalho, exigem novas formas de aprendizado e desafiam até mesmo a maneira como nos posicionamos no mundo.


    A inteligência artificial já atua como copiloto de profissionais em diversas áreas, ao mesmo tempo em que cresce a atenção das empresas à transformação verde e à presença de múltiplas gerações convivendo no mesmo ambiente de trabalho.


    Porém, não basta seguir tendências. As organizações e instituições de ensino precisam rever práticas e preparar gente para lidar com o novo o tempo todo.
    É disso que se trata viver em transição.


    As competências que vão definir os profissionais do futuro


    Ao longo do dia, nomes como
    Tatsuo Iwata (ESPM), Daniel Antonucci (CRM Educacional) e José Moran (professor, pesquisador e designer de projetos inovadores na educação), destacaram a centralidade das competências comportamentais. Entre elas, pensamento crítico, criatividade, empatia, resiliência, colaboração e consciência ambiental. A essas, somam-se as competências técnicas, como alfabetização em IA, big data, cibersegurança e cloud, fundamentais para enfrentar um mercado em rápida mutação.


    De acordo com
    dados do Fórum Econômico Mundial, apresentados ao longo do evento, 40% das habilidades exigidas nas profissões atuais devem mudar nos próximos anos. Ao mesmo tempo, embora se preveja a extinção de 90 milhões de empregos, estima-se a criação de 170 milhões de novas ocupações — um cenário desafiador, mas com saldo positivo.


    Desafios para as instituições de ensino superior


    Essas transformações colocam as instituições diante de uma questão urgente: como adaptar os currículos para formar pessoas com esse novo perfil híbrido, técnico e humano? 


    A proposta, segundo vários participantes, é avançar para
    modelos de aprendizagem mais flexíveis, práticos, baseados em microcertificações e projetos reais, com espaço para personalização, feedback contínuo e integração entre áreas.


    “A IA pode tanto ampliar a eficiência quanto a ineficiência. Tudo depende de como e por quem ela é usada”, resumiu Rafael Alonso. Por isso, cresce a importância de ensinar desde cedo raciocínio lógico, uso estratégico de IA e ética digital. A tecnologia não vem para liberar tempo, mas para trazer mais decisões, mais responsabilidade — e, se bem orientada, mais impacto positivo.


    A docência no centro das transformações


    No painel de encerramento, José Moran,
    Maurício Garcia (Inteli) e Ana Valéria Sampaio (STHEM/MetaRed) discutiram o futuro da profissão docente em meio à incorporação de ferramentas de IA. “O professor do futuro precisa dominar metodologias pedagógicas e, ao mesmo tempo, saber lidar com agentes de IA e com o design de experiências personalizadas de aprendizagem”, apontou Garcia.


    Ana Valéria destacou que, embora as condições da docência precisem melhorar,
    o papel do professor permanece essencial — como mentor, facilitador e guardião do pensamento crítico. É ele quem pode ensinar os estudantes a avaliar criticamente os conteúdos gerados por IA, entender seus vieses e fazer escolhas mais conscientes.


    Mais do que se antecipar à substituição do trabalho humano, o encontro deixou claro que o verdadeiro desafio está em
    reimaginar processos, requalificar saberes e reconfigurar o papel das instituições de ensino num mundo que já não pede respostas prontas, mas disposição para revisar as perguntas.


    Como lembrou Rafael Alonso, há muitas perguntas em aberto — e talvez a principal delas seja como incluir a IA não só nos currículos, mas na cultura das IES, com
    intencionalidade, criticidade e propósito. "A grande questão agora é se a IA vai apenas apoiar ou se vai orientar caminhos inteiros de aprendizagem", observa.


    Sete verdades desconfortáveis (e necessárias) sobre o futuro do trabalho


    Depois de um dia de conversas inspiradoras no 7º Encontro Nacional da MetaRed TIC Brasil,
    a equipe da Plataforma A reuniu sete provocações essenciais sobre as transformações em curso.


    A seguir, os principais insights que ecoaram ao longo do evento:


    1. Não é só a tecnologia que muda.

    Estamos atravessando uma transformação de fundo, que é também cultural, social e geracional. A IA é só a superfície visível de mudanças mais profundas sobre como vivemos e produzimos.

    2. O futuro não pertence apenas aos que dominam ferramentas.

    As competências técnicas continuam importantes, mas o que cresce de verdade é a demanda por pensamento crítico, empatia, resiliência, liderança, motivação e inteligência social.


    3. A IA pode ser solução — ou ruído.

    A inteligência artificial pode acelerar resultados ou amplificar falhas estruturais, dependendo de como (e por quem) ela é usada. A pergunta não é "o que a IA pode fazer?", mas “para que e a serviço de quem?”.


    4. Estamos diante de uma reconfiguração radical das habilidades.

    Segundo o Fórum Econômico Mundial, 40% das habilidades exigidas no mercado vão mudar nos próximos anos. Isso exige atualização permanente — e mais ainda, humildade para reaprender.


    5. As carreiras deixaram de ser retas.

    A ideia de uma trajetória linear não faz mais sentido. Hoje, quem navega melhor nesse novo cenário são os profissionais capazes de se adaptar, reinventar e aprender em ciclos.


    6. A formação precisa abandonar suas dicotomias.

    O tempo de separar o técnico do humano já passou. Currículos precisam ser híbridos, intencionais e críticos, integrando ética, raciocínio lógico, domínio de IA e consciência do mundo.


    7. A IA não vai nos poupar trabalho — vai nos pedir mais.

    Mais decisões, mais responsabilidade, mais intenção. A promessa de tempo livre talvez seja ilusória. O que é real é a necessidade urgente de formar pessoas capazes de lidar com complexidade.


    O futuro do trabalho não será sobre programar máquinas, mas sobre manter a lucidez enquanto o mundo muda. E isso, segundo Alonso, é missão que começa agora — nas salas de aula, nos laboratórios e, principalmente, na coragem de reformular o que chamamos de educação.

    Por Repórter

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