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Manter o currículo atualizado é um processo obrigatório para qualquer instituição de ensino superior (IES) que pretenda oferecer uma educação de qualidade. Entretanto, com tantas transformações culturais e tecnológicas em andamento, esse pode ser um trabalho particularmente desafiador para gestores e professores.
Para começar, qual é o momento oportuno para uma atualização? E o formato a ser adotado?
Neste texto, o Desafios da Educação apresenta os principais tipos de currículo e, com a ajuda da coordenadora de Negócios da +A Educação , Raphaela Novaes , traz algumas dicas para as IES entenderem quando e como promover essa transição.
A mudança de currículo requer um planejamento cuidadoso, que considere diretrizes institucionais e regulamentações educacionais. Também pode ser motivada por novas exigências mercadológicas.
Algumas IES preferem fazer modificações dentro de ciclos pré-determinados — a cada quatro ou cinco anos, por exemplo. Para garantir uma transição menos impactante, o ideal é programá-la para períodos de baixa demanda acadêmica (entre semestres) e implementá-la com novas turmas de ingressantes, evitando, assim, prejuízos à continuidade dos alunos já matriculados.
Mas o grande desafio em relação ao momento de fazer a mudança se refere muito mais ao timing do que ao tempo cronológico. Ou seja, é preciso conhecer a realidade dos estudantes para saber quando é hora de propor inovações curriculares que façam sentido para eles.
Evidentemente, o novo currículo deve estar alinhado às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs). Essas normas, aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), são responsáveis por orientar o planejamento dos sistemas de ensino e os conteúdos previstos.
Raphaela Novaes, coordenadora de Negócios da +A Educação, vê a inovação curricular como uma oportunidade para expandir o ensino personalizado no ensino superior (Crédito: Divulgação/A+ Educação)
Nesse sentido, as DCNs têm um papel relevante, pois estabelecem parâmetros pedagógicos de qualidade para o ensino superior. O problema é que grande parte das IES acaba se limitando ao cumprimento de requisitos mínimos.
“Muitas instituições adotam o mesmo currículo há 10, 15, 20 anos, e só se atualizam quando surgem novas DCNs. Elas atendem ao básico, mas não fazem uma revisão do que é interessante para os estudantes de hoje. Só que o currículo não pode ser estático, mas algo vivo ”, afirma Novaes.
Rever o currículo é uma decisão estratégica que deve ser baseada em evidências. Identificar o momento certo para isso exige monitoramento constante e sensibilidade a mudanças culturais, no mercado de trabalho e no perfil dos estudantes.
Desconexão com o mercado: quando as atividades profissionais demandam competências e conhecimentos que o atual currículo não contempla, é urgente atualizar a formação dos alunos para prepará-los para as novas realidades;
Feedback negativo: baixos índices de satisfação, evasão elevada ou queixas frequentes sobre a aplicabilidade do conteúdo sinalizam que o currículo precisa ser revisto;
Baixo desempenho: resultados insatisfatórios em avaliações e falta de engajamento podem ser indícios de que o currículo está desatualizado ou desconectado dos interesses dos estudantes;
Inovações tecnológicas e pedagógicas: a introdução de novas tecnologias e metodologias de ensino exige uma reformulação curricular, para integrá-las de maneira eficaz e melhorar a experiência de aprendizagem;
Avaliações internas e externas: análises periódicas de desempenho institucional e benchmarking (processo de comparar práticas e resultados com os de outras organizações para identificar boas práticas e oportunidades de melhoria) podem revelar defasagens no currículo.
Identificada a necessidade de mudar o currículo da IES, surge um novo desafio: escolher o novo formato. Existem vários modelos, cada um com características distintas. A escolha deve estar alinhada com a missão da IES e o perfil dos estudantes.
Até pouco tempo atrás, esse era o formato vigente na grande maioria das instituições de ensino. Sua abordagem é centrada no professor, com cada matéria sendo ensinada de forma isolada em aulas expositivas.
Modelo focado no desenvolvimento de competências e habilidades específicas que os alunos devem adquirir ao longo do curso. Sua abordagem busca estimular a aplicação prática do conhecimento, com ênfase em resultados e avaliação do desempenho dos alunos.
Clique aqui para entender o que é preciso fazer para oferecer uma formação mais “mão na massa”.
Combina diferentes áreas do conhecimento e explora temas que exigem a intersecção de disciplinas para uma compreensão mais holística. O objetivo é promover um aprendizado abrangente e contextualizado.
O conteúdo é estruturado em módulos, que podem ser estudados separadamente. Dessa maneira, o formato proporciona flexibilidade para o aluno avançar em seu próprio ritmo.
Esse modelo mescla métodos utilizados no ensino presencial e na educação a distância (EaD). O uso de ferramentas digitais visa promover um aprendizado flexível e adaptável, enquanto a presencialidade busca garantir mais interação.
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Organizado em torno de temas centrais ou eixos que integram diversas disciplinas, o formato propõe uma abordagem mais abrangente de determinados conteúdos. Dessa forma, incentiva a discussão e o aprofundamento em temas complexos, como sustentabilidade, cidadania ou inovação.
Modelo que estrutura o aprendizado em níveis de complexidade crescente. Os conteúdos se desenvolvem de forma sequencial, proporcionando uma construção gradual do conhecimento, com ênfase em habilidades e conceitos que se acumulam.
Permite que os estudantes escolham disciplinas e atividades de acordo com seus interesses e necessidades. É um formato que proporciona mais autonomia na formação, já que se molda às preferências dos alunos e dá ênfase em trajetórias de aprendizado personalizadas.
Muito semelhante ao currículo integrado. O foco aqui está na colaboração entre professores e na construção conjunta de conhecimento sobre um mesmo tema, mas com diferentes perspectivas disciplinares.
Uma vez definido o novo currículo, a implementação deve ser gradual e acompanhada de um processo constante de avaliação. Esse trabalho envolve a aplicação de novas disciplinas ou métodos de ensino, assim como a coleta de feedback dos alunos e professores para monitorar a eficácia das mudanças.
Inspirada pelo dinamarquês Knud Illeris — especialista em lifelong learning e autor do livro Teorias contemporâneas da aprendizagem — Raphaela Novaes acredita que o processo educacional deve primar pelo equilíbrio entre conteúdo, incentivo e interação. “Sem um desses elementos, a aprendizagem não acontece”, justifica.
Esse entendimento foi fundamental quando a gestora passou pela experiência de ajudar instituições de ensino superior a promoverem mudanças de currículo. Ela lembra que, ao orientar o processo junto aos coordenadores de uma IES, o primeiro passo foi optar pela implementação de metodologias ativas . A seguir, foi definida a mudança estrutural no currículo.
Como embasamento teórico, Novaes adotou o ensino com base em competências proposto pelo sociólogo suíço Philippe Perrenoud , autor de diversos livros publicados pelo selo Penso . “Incentivamos diferentes habilidades e recursos que o estudante deveria aprimorar para resolver problemas complexos. E, para isso, associamos o currículo por competências com aprendizagem baseada em projetos ”, explica Novaes.
A metodologia da IES consistia em estimular que os estudantes desenvolvessem três competências ao longo do período, cada uma em um projeto. Além disso, a separação por disciplinas foi abolida, com o conteúdo integrado em um único eixo.
Ao explorar esses diferentes métodos, a educadora chegou à conclusão de que, para um currículo atender aos estudantes da melhor forma possível, não poderia se fechar em uma única “caixinha”.
“Criou-se uma cultura de que se você estiver utilizando um novo modelo pedagógico — no caso, metodologias ativas — não poderá dar mais aulas expositivas, apenas apresentar estudos de caso. Só que daí estamos trocando uma caixinha por outra”, argumenta. “Isso é o que tínhamos há 50 anos: um cenário no qual as pessoas eram formadas para atuar em processos repetitivos. Hoje, precisamos justamente do contrário, um modelo de educação que transforme as pessoas e as estimule a pensar.”
Independentemente do formato escolhido, a mudança de currículo deve ser resultado de uma decisão institucional . Segundo Raphaela Novaes, a adoção da nova abordagem de forma “solitária” por um ou outro professor pode confundir os estudantes. Porém, quando ela é adotada pela IES como um todo, fica mais fácil fazer a transição de formato.
O segundo passo é capacitar o corpo docente. Muitas vezes, os professores não estão preparados para essa mudança e temem o uso de novas tecnologias e metodologias.
Segundo a gestora, uma boa forma de quebrar essa barreira é abrir espaço para experimentações. “Não existe aprendizagem sem erro. Para avançar, tanto professores quanto alunos precisam sair de suas zonas de conforto”, defende. “Mas, é claro, as instituições de ensino precisam oferecer capacitação e subsídios tecnológicos para isso.”
Por Redação
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