Mesmo após incontáveis pesquisas científicas, entender o que se passa no cérebro humano continua sendo uma empreitada desafiadora e fascinante. Quando se trata de compreender os mecanismos cognitivos que regem nossa aprendizagem, então, esse desafio parece ainda mais complexo e algumas perguntas surgem:
Essas e tantas outras perguntas são respondidas pelo pesquisador espanhol Héctor Ruiz Martín em “Como Aprendemos: Uma Abordagem Científica da Aprendizagem e do Ensino” , livro publicado pelo selo Penso , do Grupo A , e que já está em sua terceira edição.
Diretor da International Science Teaching Foundation , organização comprometida com o desenvolvimento da educação STEM (sigla, em inglês, para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), o autor promove pesquisas na área da psicologia cognitiva da memória e da aprendizagem em contextos educativos para desenvolver recursos didáticos baseados em evidência científica.
E essa é a linha que permeia toda a obra: não existe espaço para “achismos”, e quando há, é para mostrar o quanto nosso conhecimento prévio, muitas vezes baseado em ideias preconcebidas, pode prejudicar o processo de aprendizagem. Nesse sentido, Martín cita as atribuições que os estudantes relacionam a seus sucessos ou fracassos em sala de aula. “Considerar que uma causa fixa – como uma habilidade – é mais importante para o sucesso acadêmico do que uma causa variável – como um esforço – é uma crença, não necessariamente uma realidade”, argumenta.
Mas não são apenas os alunos que estão sujeitos a esse tipo de distorção. Utilizando situações do “mundo real”, o pesquisador mostra como a experiência pessoal e os vieses cognitivos podem influenciar as decisões de gestores e educadores e impactar o processo de aprendizagem. Segundo ele, o método científico funciona como uma espécie de “óculos que a humanidade construiu” para corrigir essa visão, ao estimular a coleta metódica de dados e sua análise lógica e sistemática .
“Desse modo, (o método científico) nos permite estabelecer relações de causa efeito com mais precisão do que nossa experiência pessoal. Como disse Carl Sagan , pode não ser um método perfeito, mas é o melhor que temos para tais propósitos”, acredita o autor.
O livro é dividido em cinco partes, abordando desde os mecanismos cognitivos que regem a memória e a aprendizagem até os fatores socioemocionais que influenciam a motivação e o desempenho dos alunos. Cada trecho é dividido em capítulos, nos quais Martín aborda, com linguagem simples, mas ao mesmo de maneira bastante minuciosa, todos os elementos que impactam o aprendizado.
Na segunda parte, por exemplo, o autor se refere a tudo o que diz respeito à memória (componentes, processos, organização e reorganização, transferência de aprendizagem e memória de trabalho e aprendizagem profunda).
Além disso, é apresentado pesquisas relacionadas aos principais processos de ensino, como feedback e avaliação , dando atenção especial à autorregulação da aprendizagem e sua relação com o sucesso escolar e acadêmico. Por fim, derruba alguns “mitos pseudocientíficos sobre a aprendizagem” que podem levar a aplicações práticas em sala de aula de eficácia duvidosa.
“Como Aprendemos: Uma Abordagem Científica da Aprendizagem e do Ensino” é um livro que estimula práticas educativas para além da experiência pessoal. E, em tempos de proliferação das fake news até mesmo na educação, uma ferramenta essencial para guiar professores e estudantes de licenciatura na construção de um aprender baseado no rigor científico.
Editora:
Penso
Ano:
2024
Páginas:
336
Preço:
R$ 103,50 (impresso) e R$ 82,80 (digital)
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Por Daniel Sanes
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