EaD, semipresencial ou presencial? Como escolher o formato certo no novo cenário da EaD

Redação • 25 de junho de 2025

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    Nos últimos anos, a educação a distância (EaD) no Brasil registrou um crescimento gigantesco. No que diz respeito à oferta de cursos, o salto foi de 1,1 mil para 9,1 mil em uma década, segundo o Censo da Educação Superior de 2022. Em 2023, o número de graduações na modalidade já ultrapassava os 10,5 mil


    Esse crescimento foi viabilizado pelos três pilares que sustentam a EaD: sua capacidade de chegar a diferentes regiões (capilaridade), de atender a um grande número de alunos (escala) e de possibilitar que eles estudem onde e quando quiserem (flexibilidade). 


    Porém, com a Nova Política de Educação a Distância, as instituições de ensino superior (IES) terão que redobrar a atenção para que esses três pilares se mantenham de pé. 


    Se antes havia espaço para diferentes leituras sobre onde termina um formato e onde começa o outro, isso já não acontece mais. O Decreto nº 12.456 define, de forma bastante clara, quais áreas podem oferecer cursos EaD, eliminando brechas que antes davam margem para interpretação. 


    Diante desse novo cenário, a grande dúvida é: como escolher a modalidade mais adequada para cada curso? Neste post, o Desafios da Educação explica o que deve ser levado em conta para além das questões regulatórias. 


    Quais cursos podem ser oferecidos em cada formato? 


    Um dos grandes desafios das IES sob o novo marco regulatório é definir quais cursos oferecer em cada modalidade. Isso passa por uma análise criteriosa de fatores, que vão desde as diretrizes do próprio decreto até a viabilidade acadêmica, operacional e de mercado. 


    O que minha instituição pode oferecer na EaD? O que só vale no presencial? Quando optar pelo semipresencial? 


    Em primeiro lugar, é preciso compreender a definição exata de cada formato: 


    • Presencial: caracterizado pela oferta majoritária de carga horária presencial física, pode ter até 30% no formato EaD.   
    • Semipresencial: também conhecido como híbrido, tem pelo menos 30% de atividades presenciais físicas (estágio, extensão, práticas laboratoriais) e 20% em atividades presenciais ou síncronas mediadas
    • EaD: cursos com oferta preponderante de carga horária a distância, com limite mínimo de 20% atividades presenciais e/ou síncronas mediadas, além de provas presenciais. 

     

     

    Ao estabelecer quais cursos podem ser oferecidos em cada modalidade, o novo marco regulatório vai além da organização de percentuais. Segundo o Ministério da Educação (MEC), o objetivo é garantir a qualidade da formação, especialmente em áreas sensíveis que demandam vivência prática, supervisão direta e construção ética que só se consolidam por meio de atividades presenciais. 

     

    Em relação ao formato, o decreto estabelece que: 


    • Cursos da área da Saúde, Engenharias e Licenciaturas não podem mais ser ofertados integralmente na modalidade EaD; 
    • O limite, para essas áreas, é o modelo semipresencial, com presença física obrigatória, síncronas mediadas e carga assíncrona limitada; 
    • Em Direito, Enfermagem, Medicina, Odontologia e Psicologia, a oferta deve ser exclusivamente presencial. E, mesmo nesse formato, Direito, Enfermagem, Odontologia e Psicologia podem ofertar até 30% da carga horária EaD. Já a Medicina deve ser 100% presencial.


    Um ponto importante: o fator financeiro 


    Considerando os possíveis formatos de oferta, é preciso definir qual portfólio será disponibilizado em cada um dos deles. Para as instituições que operam com modelos sobrepostos, a questão é escolher qual deles prevalecerá. 


    Também é importante lembrar que, em diversas situações, cursos presenciais e EaD ofertados por uma mesma IES acabam competindo entre si. O lançamento de um mesmo curso nas três modalidades em uma mesma região, por exemplo, demandará um estudo robusto sinalizando essa viabilidade, restrita a alguns poucos grandes centros. 


    A definição do portfólio deve equilibrar demanda de mercado, custos operacionais e margens de rentabilidade. Modelos que exigem maior carga presencial exigem investimentos robustos em infraestrutura física, laboratórios, espaços para práticas e pessoal presencial. Por outro lado, o semipresencial e a EaD, embora mais escaláveis, requerem investimentos contínuos em tecnologia, produção de conteúdo de alta qualidade, suporte acadêmico e estratégias eficientes de engajamento. 


    Outro aspecto crítico é a precificação. A percepção de valor por parte dos estudantes pode variar conforme a modalidade, o que exige cautela na definição de preços. Um erro comum é tratar as três modalidades como equivalentes em termos comerciais, sem considerar as diferenças de custo, experiência e perfil do público. 


    Por isso, a decisão sobre qual modalidade priorizar — ou como combiná-las de forma estratégica — precisa estar ancorada em análises financeiras, projeções de mercado e, principalmente, na viabilidade pedagógica e operacional de entregar uma formação de qualidade, alinhada às novas exigências regulatórias. 


    Transformando a experiência do estudante


    No novo cenário regulatório, as IES têm mais responsabilidade, mas também liberdade para inovar com intencionalidade pedagógica. Explorar os diferentes formatos de forma integrada pode transformar a experiência do estudante — tornando-a mais engajada, autônoma e qualificada, como observa Raphaela Novaes.


    “As IES têm uma oportunidade ímpar de repensar suas ofertas, não apenas do ponto de vista regulatório, mas principalmente pedagógico e estratégico. Na minha visão, a escolha entre EaD, semipresencial ou presencial deve partir de uma análise muito cuidadosa do perfil do curso, das competências a serem desenvolvidas e, claro, do perfil do estudante que se quer (ou se pode) atender”, ressalta. 


    Para Daiana Rocha, gerente executiva da Plataforma A, a natureza das competências que o curso se propõe a desenvolver é um ponto a ser observado. Além disso, ela entende que as IES precisam levar em conta a infraestrutura disponível — tanto física quanto digital. 


    “Cursos com foco em prática supervisionada e forte interação podem demandar uma carga maior de encontros síncronos e/ou presenciais. Já áreas mais teóricas podem se beneficiar de percursos assíncronos bem estruturados, com apoio de tecnologia e conteúdo em diferentes formatos”, diz. 


    Como equilibrar a carga presencial em diferentes modalidades 

     

    Raphaela Novaes destaca que, independentemente da modalidade definida, as IES devem saber como ofertar as atividades presenciais. “Nos cursos semipresenciais, a presencialidade pode estar concentrada nos estágios, práticas e extensão, por exemplo. Não é preciso, necessariamente, haver oferta de disciplinas tradicionais no formato presencial, desde que se cumpra a exigência de carga horária prevista para essa modalidade no marco regulatório”, afirma. 

     

    Outro ponto considerado fundamental pela especialista é o Projeto Pedagógico do Curso (PPC). Segundo ela, um curso a distância bem planejado pode ser tão ou mais transformador que um curso presencial — desde, é claro, que faça uso inteligente dos recursos tecnológicos, promova engajamento real e, sobretudo, não perca o vínculo humano

     

    “Nesse sentido, os momentos presenciais podem ganhar um novo protagonismo, sendo usados para atividades de alto valor formativo — como projetos integradores, vivências profissionais, práticas interdisciplinares e ações de extensão com impacto social —, conectados também com os momentos virtuais assíncronos ou síncronos através das tecnologias”, explica. 

     

    Por fim, Novaes acredita que as IES devem sempre olhar para a experiência do estudante. “Em um mundo cada vez mais híbrido, o foco não pode estar apenas na modalidade em si, mas na jornada de aprendizagem como um todo, no suporte oferecido, na qualidade da mediação pedagógica e na conexão com o mercado e a sociedade.” 

     

    10 passos para escolher a modalidade certa sob as novas regras da EaD 

     

    Com o novo marco regulatório da EaD, definir qual modalidade faz mais sentido para cada curso passa por atender a uma série de demandas, que vão desde a adequação da infraestrutura da IES até as necessidades do mercado. A seguir, listamos algumas dicas para ajudar nessa escolha:


    1. Priorize o PPC: o projeto precisa estar totalmente alinhado à modalidade escolhida, garantindo coerência entre as metodologias, as competências e os recursos. 
    2. Entenda a natureza do curso: avalie se a formação exige práticas presenciais, supervisão direta, desenvolvimento de competências manuais, éticas ou relacionais. 
    3. Considere o perfil dos estudantes: entenda quem são os alunos que você irá atender: qual sua familiaridade com tecnologia, sua disponibilidade de tempo e sua localização. 
    4. Avalie a infraestrutura: certifique-se de que sua IES tem capacidade para oferecer uma boa experiência na modalidade pretendida. 
    5. Considere a sustentabilidade financeira: avalie custos, investimentos e margens de cada modalidade. Modelos presenciais demandam mais infraestrutura física e pessoal, enquanto híbrido e EaD exigem tecnologia robusta, produção de conteúdo de alta qualidade e suporte constante. 
    6. Evite a concorrência interna: cuidado ao lançar um mesmo curso em três modalidades. Isso pode gerar competição entre suas próprias ofertas. 
    7. Valorize a presencialidade com propósito: tanto no semipresencial quanto na EaD, utilize encontros presenciais para atividades que realmente agreguem valor. 
    8. Use tecnologia de forma inteligente: plataformas de aprendizagem, recursos síncronos, assíncronos e ferramentas de mediação são fundamentais para garantir engajamento e qualidade. 
    9. Foque na experiência do estudante: mais do que pensar na modalidade, pense na jornada de aprendizagem, no suporte, na interação e na conexão do curso com o mercado e com a sociedade. 
    10. Pense além do óbvio: as regras definem o mínimo. O verdadeiro diferencial competitivo está na proposta pedagógica, na qualidade da entrega e na experiência formativa que sua IES oferece. 

     

    Quer saber tudo sobre o novo marco regulatório? Acompanhe o Desafios da Educação e leia o e-book da Plataforma A! 


    O Desafios da Educação vem publicando uma série de conteúdos sobre a Nova Política de Educação a Distância. Acessando nosso portal, você fica por dentro de todas as questões envolvendo essa transição, desde as necessidades de qualificação do corpo docente à exigência de avaliações presenciais na EaD


    Além disso, a Plataforma A desenvolveu um e-book com dicas dos especialistas Gustavo Hoffmann e Gisele Kruger sobre os principais pontos do marco regulatório. Você pode acessar esse conteúdo gratuitamente acessando aqui.

    Por Redação

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