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A balança entre ensino presencial e educação a distância (EaD) nunca esteve tão nivelada. As modalidades estão quase no mesmo patamar de matrículas, com uma pequena vantagem para os cursos presenciais, que concentram 50,7% dos estudantes, uma queda de 3,4 pontos percentuais em relação ao ano de 2022 (54,1%).
Entre 2022 e 2023, as matrículas EaD aumentaram 13,4%, chegando a 4,91 milhões de estudantes. Apesar da grande proporção, a taxa de crescimento da modalidade EaD tem desacelerado: em 2020, por exemplo, o aumento foi de 26,8%.
As conclusões fazem parte da 15ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, divulgada em 12 de março pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp).
A seguir, exploramos esses e outros destaques do estudo.
Nunca antes tantos brasileiros estiveram matriculados no ensino superior. Com quase 10 milhões de estudantes, o País registrou um crescimento próximo de 6% entre 2022 e 2023.
A ascensão foi impulsionada pela rede privada, que hoje concentra oito de cada dez matrículas. O sistema particular de ensino também domina a EaD, respondendo por 95,9% dos alunos matriculados em cursos de graduação.
O problema? A EaD também apresenta os maiores índices de desistência: 64,1% na rede privada e 46,6% na pública.
A evasão impacta diretamente o número de formandos. Entre 2022 e 2023, a quantidade de concluintes em cursos presenciais caiu 2,5% — uma queda de 6,1% na rede educação superior privada, enquanto na pública houve um crescimento de 6,8%. Ainda assim, 69,8% dos formandos pertenciam à rede privada.
Na prática, a expansão da educação superior no Brasil ainda está longe do ideal. Apenas 20% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos estão matriculados em uma graduação, um número bem abaixo da meta de 33% estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE).
As matrículas no ensino superior brasileiro refletem não apenas preferências individuais, mas tendências do mercado e mudanças estruturais.
Nos cursos presenciais, o Direito continua sendo a principal escolha na rede privada, enquanto Pedagogia e Medicina se destacam no ensino público.
Já na educação a distância, a Pedagogia lidera com ampla vantagem, reforçando a demanda por formação de professores.
Os dados mais recentes mostram como essas escolhas se distribuem entre redes e modalidades:
1. Direito – 571.380 matrículas (17,9%)
2. Psicologia – 314.021 matrículas (9,8%)
3. Enfermagem – 241.622 matrículas (7,6%)
4. Medicina – 192.894 matrículas (6%)
5. Administração – 155.180 matrículas (4,9%)
1. Pedagogia – 87.705 matrículas (4,7%)
2. Direito – 87.150 matrículas (4,7%)
3. Medicina – 73.613 matrículas (3,9%)
4. Administração – 73.029 matrículas (3,9%)
5. Agronomia – 55.592 matrículas (3%)
1. Pedagogia – 648.627 matrículas (13,8%)
2. Administração – 410.545 matrículas (8,7%)
3. Sistemas de Informação – 233.418 matrículas (5%)
4. Contabilidade – 208.104 matrículas (4,4%)
5. Educação Física – 204.675 matrículas (4,3%)
1. Pedagogia – 41.036 matrículas (20,4%)
2. Administração – 16.268 matrículas (8,1%)
3. Letras – Português (Licenciatura) – 15.604 matrículas (7,8%)
4. Matemática (Licenciatura) – 13.529 matrículas (6,7%)
5. Engenharia de Computação – 11.779 matrículas (5,9%)
A participação das instituições privadas segue em crescimento, alcançando 79,3% do total de matrículas em 2023. Entre 2013 e 2023, a concentração dos alunos cresceu 5,7%.
Esse avanço foi influenciado pelos cursos EaD, já que a rede privada é responsável por 95,9% das matrículas na modalidade. Nos cursos presenciais, o sistema particular de ensino também é majoritário, reunindo 63,1% das matrículas. Já a rede pública teve um aumento de 7,1% entre 2013 e 2023.
Fato é que o ensino superior tem registrado uma mudança na dinâmica. Enquanto as matrículas de cursos presenciais caíram 29,1% entre 2013 e 2023, as inscrições em cursos a distância cresceram 326% no mesmo período.
Paralelamente, iniciativas como o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) e o Programa Universidade Para Todos (Prouni), tiveram reduções significativas nos últimos anos, impactando o acesso ao ensino superior.
Desde 2016, as matrículas em cursos presenciais vêm encolhendo e cedendo espaço para a EaD. Em 2023, elas representavam 50,7% do total, uma queda de 3,4 pontos percentuais em relação a 2022 (54,1%).
No entanto, o ritmo desse declínio desacelerou: a perda foi de 1% em relação ao ano anterior, bem abaixo da queda de 3% registrada em 2022. Essa freada sugere uma possível estabilização — e até uma futura retomada das matrículas presenciais. Hoje, 63,1% dessas matrículas estão concentradas na rede privada.
Ainda vale ressaltar que o número de ingressantes em cursos presenciais cresceu 1,4%, puxado pelo aumento de 5,3% de calouros na rede pública.
Confira no gráfico abaixo como as matrículas em cursos presenciais oscilaram ao longo da última década.
O crescimento das matrículas na educação a distância também tem perdido fôlego, acompanhando a desaceleração da queda no ensino presencial. Após um salto de 26,8% em 2020, o ritmo de expansão caiu para 19,7% em 2021, 16,5% em 2022 e 13,4% em 2023 — com aumentos de 13,6% na rede privada e 10,3% na pública.
Ainda assim, o formato segue avançando e já representa 49,3% das matrículas, um aumento de 3,4 pontos percentuais em relação ao ano anterior. A rede privada concentra a grande maioria dos estudantes de EaD, com 95,9% do total. Nos últimos dez anos, a modalidade cresceu 326%.
Acompanhe na imagem como a educação a distância se consolidou na rede privada ao longo da última década.
Pelo quarto ano consecutivo, o número de ingressantes na educação a distância é maior. Esse movimento começou em 2020, quando, pela primeira vez, a EaD ultrapassou os cursos presenciais em número de matrículas.
No entanto, a expansão acelerada dessa modalidade veio acompanhada de um desafio: a evasão escolar. Em alguns cursos, a taxa de abandono chega a 60%.
De acordo com a 15ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, que analisou a trajetória dos estudantes* entre 2019 e 2023, a taxa de desistência tem sido maior do que a de conclusão.
Percentual de ingressantes que estão com vínculo ativo no curso no ano de referência.
Percentual de ingressantes que concluíram o curso até o ano de referência
Percentual de ingressantes que desistiram do curso ou faleceram até o ano de referência.
Na rede privada, por exemplo, o indicador aponta 61,3% de desistência no total (nos cursos EaD é ainda maior, 64,1%). Esse cenário pode estar relacionado à instabilidade econômica do período (que abrange a pandemia) e à falta de políticas públicas voltadas à permanência estudantil.
Para mitigar a evasão na EaD, especialistas consultados pelo Desafios da Educação e o Ministério da Educação (MEC) recomendam diversas estratégias focadas na interação.
De acordo com os Referenciais de qualidade para educação superior a distância do MEC, a interatividade entre professores, tutores e alunos é essencial para garantir a qualidade dos cursos a distância.
Além disso, as diretrizes enfatizam a importância de uma formação inicial consistente e contextualizada para os professores em sua área de atuação, visando melhorar a qualidade do ensino na educação básica.
Essas medidas, centradas na interação e na formação docente, são consideradas fundamentais para reduzir as taxas de evasão na EaD e promover um ambiente educacional mais benéfico.
A publicação do novo marco regulatório da educação a distância no Brasil deveria ter ocorrido até 31 de dezembro de 2024. No entanto, foi adiada para 10 de março de 2025.
Em 10 de março, o MEC prorrogou o prazo para 10 de abril — ou até a publicação da regulamentação, conforme o que ocorrer primeiro.
Ainda sobre permanência, a redução no acesso ao financiamento estudantil tem sido um dos principais obstáculos para a continuidade dos alunos no ensino superior, especialmente na rede privada.
Tanto o Fies quanto o Prouni, as duas maiores políticas públicas do Ministério da Educação voltadas para o ingresso em instituições privadas, tiveram redução no número de benefícios e de vagas efetivamente preenchidas entre 2013 e 2023.
No caso do Prouni, o estudo aponta que o número de bolsas concedidas, somando integrais e parciais, passou de 391 mil em 2013 para 404 mil em 2023, uma variação discreta ao longo da década. No entanto, ao considerar o pico de 610 mil bolsas em 2017, o programa vem encolhendo ano após ano, acumulando uma queda de aproximadamente 34% desde o auge.
A situação do Fies é ainda mais crítica. Em 2014, foram firmados cerca de 732 mil novos contratos de financiamento. Em 2024, esse número despencou para apenas 22 mil contratos, uma redução de quase 97%.
Atualmente, o total de estudantes matriculados com Fies ativo é de aproximadamente 665 mil, número que evidencia o impacto acumulado da redução de novas adesões ao longo dos anos. Apenas 1% dos calouros utilizaram o programa em 2023.
Diante desse cenário de retração no financiamento estudantil, a EaD tem ganhado ainda mais relevância como alternativa de acesso ao ensino superior.
João Vianney, sócio da consultoria Hoper Educação, usou o Instagram para destacar o impacto da modalidade na inclusão educacional, comparando sua abrangência com o Prouni. “O número de matrículas na EaD superou em até 12 vezes o total de estudantes contemplados pelo Prouni no ensino superior”, afirma ele sobre os dados oficiais do Ministério da Educação.
O especialista reuniu informações sobre as matrículas anuais entre 2013 e 2023 e fez um comparativo entre o total de alunos ingressando na educação a distância e o número de bolsas concedidas pelo Prouni no mesmo período. O resultado? A vantagem da EaD cresce ano após ano.
"A relação já era favorável à EaD em 2013, quando havia 2,95 vezes mais alunos matriculados nessa modalidade do que no Prouni. Em 2018, essa diferença subiu para 3,57 vezes. Com o avanço do ensino remoto durante a pandemia, o número saltou para 7,76 vezes em 2020 e, em 2023, alcançou um recorde de 12,16 vezes", diz.
Os dados revelam que, enquanto o Prouni teve uma oscilação modesta ao longo dos anos, a EaD registrou um crescimento expressivo. Mas a comparação pode ser ainda mais desigual. Vianney observa que cerca de 25% dos bolsistas do Prouni optam por cursos EaD: “Se descontarmos esse percentual tanto do total de matrículas EaD quanto do Prouni, o múltiplo em 2023 chegaria a 15,9 vezes a favor da EaD”.
Além de evidenciar a força da educação a distância como ferramenta de inclusão, os números expõem, segundo o especialista, a falta de coerência na postura do MEC em relação ao ensino remoto.
"Pelo aspecto das contas públicas, mais de 95% dos alunos da EaD estão no setor privado, sem custos para o governo. Socialmente, a modalidade chega a mais de 3.360 cidades e oferece centenas de cursos de graduação, ampliando o acesso ao ensino superior."
O novo levantamento do Instituto Semesp revela um dado surpreendente, que pode desafiar percepções sobre a educação superior.
Entre 2013 e 2023, a presença de pessoas idosas no ensino superior privado disparou. Embora ainda representem uma pequena parcela dos alunos — apenas 0,4% nos cursos presenciais e 0,8% no EaD —, os estudantes com 60 anos ou mais registraram o maior crescimento nas matrículas.
No ensino presencial, a alta foi de 22%, sendo a única faixa etária a crescer na última década. Na educação a distância, o avanço foi impressionante: 672%, um salto 154 pontos percentuais acima dos adultos de até 24 anos, que tiveram o segundo maior crescimento.
O interesse dessa faixa etária não é novidade. Um levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e do Serviço de Proteção ao Crédito revelou que, em 2021, a presença de idosos na internet cresceu 97%, impulsionada, em grande parte, pela possibilidade de estudar online.
Para Alfredo Freitas, diretor de Educação e Tecnologia da Ambra University, a tendência deve se manter. "Haverá cada vez menos barreiras para as pessoas na terceira idade iniciarem um curso superior, seja no Brasil, seja no exterior", declarou à Forbes. "Precisamos acabar, de uma vez por todas, com o preconceito de que a terceira idade é um limite para novas realizações."
Há também movimentos na política abrindo novos caminhos para quem deseja seguir aprendendo, independentemente do tempo que já percorreu.
O Projeto de Lei nº 1.519, de 2024, proposto pela ex-senadora Janaína Farias (PT/CE), visa alterar o Estatuto da Pessoa Idosa (antigo Estatuto do Idoso) para incluir ações que facilitem o ingresso e a permanência de pessoas idosas em cursos de graduação. A justificativa para a proposta se baseia em dados que indicam baixos níveis de escolaridade entre a população idosa, associados a maiores riscos de demência e vulnerabilidade social.
O projeto foi aprovado pela Comissão de Educação e Cultura (CE) do Senado Federal em 17 de dezembro de 2024, em decisão terminativa. Isso significa que, salvo recurso para apreciação pelo Plenário, a matéria segue diretamente para análise na Câmara dos Deputados.
A relatora, senadora Augusta Brito (PT/CE), destacou que, embora a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, já preveja medidas para aumentar a escolaridade dessa população, não há menção específica ao acesso ao ensino superior. Ela ressaltou que iniciativas como a da Universidade de Brasília (UnB), que abriu editais específicos para o ingresso de pessoas idosas em cursos de graduação, são exemplos de ações que podem ganhar escala com a aprovação do projeto.
A proposta segue agora para a Câmara dos Deputados, onde será analisada pelas comissões pertinentes antes de eventual votação em Plenário.
Por fim, a 15ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil traz um capítulo especial sobre cursos do Agrossistema, setor estratégico diante das mudanças climáticas e da busca por soluções sustentáveis.
Graduações como Agronegócio, Energias Renováveis, Agrocomputação e Biotecnologia cresceram 26% na última década. Por outro lado, ainda têm baixa representatividade no ensino superior, correspondendo a 6,6% das matrículas em cursos presenciais em 2023. Na EaD, esse percentual foi ainda menor, representando apenas 2,3% do total de matrículas.
Um dos principais desafios para a expansão dessa área é a falta de informação sobre as oportunidades de carreira, aliada à percepção de que muitas dessas profissões não exigem formação universitária.
O agronegócio brasileiro enfrenta um paradoxo: mesmo com o alto índice de desemprego no Brasil, há uma escassez significativa de mão de obra especializada. O setor necessita de 178,8 mil profissionais, segundo uma pesquisa da Agência Alemã de Cooperação Internacional, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Senai.
A principal lacuna está na implementação de tecnologias no campo. Enquanto a demanda por especialistas cresce, o número de profissionais qualificados para trabalhar com dispositivos digitais na agricultura é de apenas 32,5 mil — uma defasagem de 82%.
A expansão da oferta de cursos ligados ao Agrossistema pode contribuir para reduzir a escassez de mão de obra qualificada e ampliar a adoção de novas tecnologias no setor.
Com uma formação alinhada às demandas do mercado, os profissionais podem estar mais preparados para atuar em propriedades rurais, facilitando a implementação de práticas inovadoras.
Além de atender à necessidade por especialistas em digitalização no campo, essa qualificação é capaz de influenciar a produtividade e a adoção de estratégias voltadas à eficiência e sustentabilidade na produção agrícola.
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Por Redação
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