Com as aulas prestes a começar, as instituições de ensino superior (IES) precisam tomar uma série de medidas visando ao cumprimento de suas metas ao longo do calendário letivo. Elas servirão para orientar seu planejamento estratégico – uma ferramenta valiosa para alavancar o crescimento das organizações educacionais, como já falamos aqui.
Tão importante quanto estabelecer ações na esfera institucional é projetar as atividades acadêmicas da IES. Afinal, um processo de aprendizagem efetivo passa pelo sucesso da relação docente-discente e de um modelo de curso que dialogue com as necessidades dos estudantes em conexão com o mercado de trabalho.
O portal Desafios da Educação , com auxílio do educador Pedro Luiz Bulgarelli , especialista em Modelagem Acadêmica e Inovação de Conteúdo da +A Educação , mostra o que é necessário fazer para elaborar um planejamento pedagógico eficaz para sua IES. Confira!
De modo resumido, pode-se dizer que planejar é a melhor forma de evitar problemas. É se antecipar aos obstáculos, criando mecanismos para enfrentá-los ou até mesmo impedindo que surjam.
Em uma IES, muitos dos desafios do ano letivo estão ligados à rotina acadêmica. Lidar com eles requer uma rotina de trabalho sistematizada, sem margem para improvisações. Esse processo se chama planejamento pedagógico, algo indispensável para orientar práticas educativas, definir metas e elaborar estratégias para atingi-las.
Conforme Bulgarelli, o planejamento ajuda a organizar as atividades acadêmicas em nível institucional, por área de conhecimento e por curso. Segundo ele, essa é a hora de alinhar e reforçar a estratégia pedagógica de modo a garantir a efetiva aplicação dos diferenciais acadêmicos da IES.
“Por ser um destinado às ações pedagógicas, o planejamento é uma importante oportunidade para o desenvolvimento de coordenadores, professores, tutores e responsáveis técnicos de laboratórios quanto às metodologias ativas de aprendizagem e recursos disponíveis para proporcionar uma aprendizagem significativa”, explica.
O planejamento pedagógico compreende diversos aspectos, que podem variar dependendo da IES, de seus objetivos e de outros fatores. No entanto, alguns pontos-chave precisam estar no radar de todas as instituições.
De acordo com Bulgarelli, o planejamento deve contemplar a estruturação do calendário, a proposta pedagógica institucional e seu modelo acadêmico. “É o momento para o professor planejar as aulas, revisando ementas das disciplinas e seus objetivos de aprendizagem, além de atualizar e organizar o conteúdo programático”, diz.
Nesse planejamento, o corpo docente deve ter voz ativa. Sua experiência em sala de aula ajuda a entender melhor os desafios do dia a dia e o que precisa ser mudado para impulsionar a aprendizagem dos alunos e alinhar as práticas educacionais com os objetivos da IES.
“Os professores são a chave para o sucesso institucional, ao mesmo tempo que se tornam o maior desafio da gestão acadêmica. Dar todo o suporte acadêmico necessário e apoiá-los no seu desenvolvimento e preparação para os desafios da sala de aula não é uma tarefa simples”, afirma o especialista. Um desses desafios é relativo às novas tecnologias, como veremos adiante.
A seguir, falaremos um pouco mais sobre cada um desses aspectos.
Planejar o calendário acadêmico é uma tarefa complexa, que deve envolver todas as áreas da instituição, para atender às demandas específicas de cursos, laboratórios, projetos de pesquisa, atividades de extensão , estágios etc. As universidades não são obrigadas a seguir à risca o calendário convencional, mas, de modo geral, suas atividades acabam se adaptando a ele, pois precisam incluir recessos, feriados e eventos institucionais.
Mesmo que sua IES já tenha um padrão de calendário, não dá para abrir mão da flexibilidade frente a mudanças. Assim, sempre vale a pena fazer uma avaliação sobre o ano anterior para identificar pontos fortes e áreas de melhoria – e fazer ajustes pontuais, quando necessário.
Essas ações devem ser planejadas não apenas para atender às exigências curriculares, mas também para promover o desenvolvimento acadêmico, a qualidade do ensino e a excelência na formação dos estudantes. Iniciativas como aula magna, semana dos cursos e estímulo à pesquisa e iniciação científica são fundamentais para tornar o ambiente da IES dinâmico e participativo.
De maneira mais ampla, a implementação de programas de tutoria, orientação acadêmica e psicopedagógica e a adoção de metodologias ativas são boas estratégias para promover o engajamento dos estudantes, o pensamento crítico e a resolução de problemas.
Um planejamento pedagógico bem-sucedido passa, obrigatoriamente, por um bom programa de formação continuada docente. Com a utilização cada vez maior de tecnologia no ensino, é necessário atualizar os professores em relação a novas práticas pedagógicas e ao uso dos mais diferentes recursos, como ferramentas de inteligência artificial.
É preciso que as IES tenham canais para receber feedback dos docentes, de modo a identificar possíveis áreas de déficit e seu interesse por novas tendências. Ao implementar um programa de formação continuada, a IES investe no desenvolvimento profissional de seus educadores, o que, por sua vez, contribui para a evolução contínua da organização.
Revisar as matrizes curriculares é uma forma de assegurar que os programas acadêmicos estejam em conformidade com essas regulamentações, contribuindo para a qualidade e acreditação dos cursos. Mas não só isso: é desse modo que a IES se mantém alinhada às necessidades do mercado, garantindo que os discentes desenvolvam as habilidades necessárias para alcançar o sucesso profissional. Por fim, as matrizes curriculares também devem acompanhar as mudanças culturais da sociedade, oferecendo uma visão ampla sobre temáticas como sustentabilidade, responsabilidade social e inclusão.
Métricas e indicadores são indispensáveis na avaliação do desempenho dos estudantes. Essas ferramentas fornecem informações valiosas sobre o impacto das políticas educacionais da IES. Com base nesses dados, a instituição pode redefinir suas estratégias pedagógicas para tornar o processo de ensino-aprendizagem mais envolvente, aumentando o nível de engajamento e reduzindo as chances de evasão.
O mercado do ensino superior está bastante competitivo e, com o crescimento exponencial da educação a distância (EaD), tudo indica que ficará ainda mais acirrado nos próximos anos. Por isso, as IES devem estabelecer metas de permanência e retenção realistas para o ano letivo. O cumprimento ou não delas pode depender de diversos fatores. O econômico , sem dúvida, é o que mais se destaca, mas a eficácia dos programas acadêmicos também tem relação direta com o índice de estudantes que permanecem matriculados de um ano para outro. Nesse sentido, a análise de dados ajuda a identificar padrões e tendências que influenciam na decisão dos alunos de permanecer ou deixar a instituição.
Por Redação
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