

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit
Em março de 2022, o Senado Federal aprovou o projeto de lei (PL) n° 235/2019, que institui o Sistema Nacional de Educação (SNE). O SNE ficou conhecido como “SUS da Educação” e tem como objetivo regular a colaboração entre União, estados e municípios na gestão educacional.
Na defesa do PL no plenário, o relator da matéria, senador Dário Berger (PSB-SC), classificou o SNE como “a maior política educacional” que a geração atual de parlamentares “têm a oportunidade e a responsabilidade de aprovar”. Entretanto, o “SUS da Educação” ainda gera dúvidas e polêmicas.
“O SNE cria um regime de cooperação mútua entre a União, os estados e os municípios, fazendo com que a gestão e a execução das políticas educacionais brasileiras sejam aplicadas igualmente em todas as regiões, estabelecendo padrões mínimos de qualidade, tão necessários à melhoria do ensino no Brasil”, afirma Berger, em pronunciamento reproduzido na Agência Senado .
Embora tenha recebido o apelido de “SUS da Educação”, o SNE possui uma estrutura diferente do Sistema Único de Saúde (SUS). Na prática, O SNE propõe a articulação entre os três níveis de governo, respeitando a soberania de cada um.
Atualmente, o Ministério da Educação (MEC) estimula a criação de políticas públicas para o setor. Entretanto, o MEC flexibiliza as ações para garantir a autonomia de estados e municípios na criação de suas próprias diretrizes.
O modelo administrativo da educação brasileira gera desencontros entre as três esferas do poder público. É esse impasse que o SNE pretende resolver.
“O SNE é uma oportunidade de avançar e superar os limites da estagnação e da inoperância no campo educacional, por meio do diálogo e da construção conjunta de horizontes”, explica o relator do projeto de lei à Agência Senado .
O relatório ainda prevê a elaboração de um plano de enfrentamento a qualquer prejuízo causado na educação durante a pandemia de Covid-19.
O projeto de lei prevê a criação de dois comitês para o entendimento da União, estados e municípios em relação aos assuntos educacionais do país. O primeiro é a Comissão Tripartite de Educação (Cite).
O Cite será composto por representantes do MEC, dos estados e dos municípios. Sua principal função é estabelecer normas para a carreira dos professores, avaliações da educação básica e parâmetros de qualidade da educação. Ainda entram na conta atribuições como o transporte escolar, materiais didáticos, alimentação, entre outras.
As Comissões Bipartites de Educação (Cibes), por sua vez, visam a articulação de estados e municípios para questões relacionadas ao planejamento da oferta do ensino fundamental.
O SNE trará mudanças na administração da educação no Brasil. Não por acaso, a consequência é o surgimento de críticas ao projeto. Enquanto isso, adeptos da medida manifestam a necessidade de aprovação do “SUS da Educação”.
Entre os argumentos dos opositores, está a negligência da matéria em relação às redes privadas de ensino básico e superior. Representantes das instituições particulares reclamam da falta de representatividade nos debates sobre o tema.
“Responsável pela formação de uma parcela significativa dos brasileiros, o setor particular, por exemplo, pouco tem sido ouvido e sua voz não tem tido amplitude condizente com sua representatividade”, escreve o presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em artigo publicado no portal do Estadão .
A coordenadora do Comitê-DF da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Catarina de Almeida Santos, vê a iniciativa com bons olhos, mas faz ressalvas ao texto. Isso porque o projeto não cita abertamente questões de gênero e raça.
“É preciso considerar as discrepâncias de gênero, de raça e as distorções de idade e série. É preciso ver quantos estudantes trabalham e o porquê. Como estão as condições familiares dessas crianças e jovens, sem isso, não podemos ter uma educação democrática” explicou a especialista ao site Alma Preta .
Enquanto isso, há quem veja o SNE como uma oportunidade para atenuar as desigualdades do ensino brasileiro. Para a presidente do conselho de administração do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Anna Helena Altenfelder, a inexistência de uma política de governança dificultou o enfrentamento da pandemia na educação.
“Aprovar o SNE é urgente e necessário para promover uma educação de qualidade, com equidade, para todas e todos”, escreve Altenfelder em artigo publicado na Folha de São Paulo. “A existência de um SNE pode ajudar a superar os desafios gerados pela pandemia, como evasão escolar e a garantia de acesso e aprendizagem, por meio da potencialização da colaboração entre os entes federados.”
Agora, o Sistema Nacional de Educação está em tramitação Câmara dos Deputados. Entre argumentos contra e a favor, uma questão parece certa mesmo para quem questiona o projeto: depois de passar de maneira unânime pelo crivo do Senado, não haverá dificuldades para sua aprovação no Congresso Nacional.
Por Nicoli Silveira
Gostou deste conteúdo? Compartilhe com seus amigos!
MAPA DO SITE