Coronavírus: menos aulas presenciais, mais EAD

Leonardo Pujol • 12 de março de 2020

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    Neste artigo atualizado você vai saber sobre: 

    • O impacto do coronavírus na educação; 
    • As medidas que levaram ao fechamentos de escolas e ao uso massivo da educação online
    • Os perigos de uma migração em massa, sem planejamento, para a EAD; 
    • As vantagens de adotar tecnologias educacionais; 
    • Manter-se informado em tempos de crise. 

    Os efeitos da  pandemia do novo coronavírus não ficam restritos às pessoas  infectadas Na educação, 1,5 bilhão de estudantes chegaram a ficar com aulas suspensas ou reconfiguradas ao redor do mundo . O contingente representa mais de 90% de todos os estudantes do planeta   – segundo atualização realizada pel a Unesco órgão da ONU para educação e cultura  

    A suspensão temporária das atividades presenciais , por ordem governamental ou não, é uma tentativa de reduzir o risco de contágio e disseminação do coronavírus entre os alunos e o restante da população. 

    Na segunda-feira, 4 de maio, levantamento da Universidade Johns Hopkins mostrava que o coronavírus infectara mais de 3,5 milhão de pessoas ao redor do mundo. Quase 250 mil  pessoas morreram em decorrência da doença .  O  Brasil tinha 100 mil casos confirmados e 7 mil mortes . Todos os números devem aumentar nos próximos dias e semanas.  

    Devido a coronavírus, MEC autoriza EAD

    Para o ensino superior , a recomendação do setor era para não cancelar as atividades, mas fazer com que professores e  alunos trabalhem juntos e de forma remota pela internet, por meio de  ambientes virtuais de aprendizagem  (AVA ou LMS , na sigla em inglês). 

    Seguindo essa linha, o MEC publicou a portaria de nº 343  que autoriza a utilização de meios e tecnologias digitais para a substituição temporária das aulas presenciais em instituições de ensino superior (IES).

    A definição das disciplinas que poderão ser substituídas, bem como as ferramentas que permitam aos alunos o acompanhamento online dos conteúdos ofertados, inclusive avaliações, é de responsabilidade das instituições de ensino .

    Escolas e IES também ficam autorizadas a suspender todas as aulas por 30 dias prorrogáveis , em vez de fazer a substituição pela modalidade virtual. Nesse caso, as atividades acadêmicas deverão ser repostas após o fim do período de exceção, inclusive com possibilidade de alteração do calendário de férias.

    A suspensão das aulas presenciais começou no início de março em escolas públicas e privadas da rede estadual e municipal de diversos estados. As IES aderiram ao movimento posteriormente, não só suspendendo aulas presenciais, como também provas, atividades extracurriculares, formaturas e palestras.

    Com a substituição das aulas pela EAD, pais e estudantes do ensino básico e superior têm questionado o valor das mensalidades . Muitos colocam em pauta as diferenças de custo entre os modelos presencial e a distância, amplamente adotado devido à pandemia do novo coronavírus. 

    Na quinta-feira 2 de abril o governo publicou uma Medida Provisória que dispensa as escolas de educação básica e as instituições de ensino superior de cumprirem o mínimo de 200 dias letivos anuais , regra prevista na LDB. No ensino básico, a medida vale desde que seja mantida a carga horária mínima de 800 horas de aula por ano . A contagem pode ser feita com recuperação das aulas em turno integral, após a crise, ou considerar o tempo de aulas virtuais ministradas durante o fechamento das escolas em razão da pandemia do coronavírus.

    Thiago Chaer, CEO da aceleradora Future Education afirma:

    A disrupção educacional é uma das respostas que podemos implementar em larga escala em resposta ao Covid-19. As edtechs podem ter papel fundamental nesse processo urgente, com soluções tecnológicas, ensino online e apoio pedagógico a pais, alunos e comunidade.

    De fato, a crise do coronavírus oferece uma chance de experimentar novas maneiras de fazer as coisas — e questionar velhos hábitos. Será que as instituições de ensino estão preparadas para apoiar centenas de professores e tutores que se deslocam rapidamente do modelo presencial para o online? E de engajarem os alunos em um novo mindset de aprendizagem?

    Cuidados e receios à EAD na crise

    Na China , primeiro país a registrar o surto de coronavírus, a s escolas estão fechadas  tentam seguir a recomendação do Ministério da Educação, que pediu para “ parar as aulas, não  a aprendizagem “.    

    Por isso, a inda em fevereiro,  o governo chinês anunciou a criação de  uma plataforma  virtual  que oferece conteúdos e recursos educacionais em áreas como prevenção  do  coronavírus , disciplinas  curriculares , filmes e jogos.  

    Mas poucos países têm  um  suporte estatal  como o da China  para enfrentar a crise.  Na verdade, a imensa  maioria  das escolas e universidades tem de fazer  as próprias  escolhas  referentes ao Covid-19 adoção de aulas a distância  tem sido a opção de muitas delas. 

    Coronavírus criou onda de aulas EAD.

    Aluno estuda em casa: devido à crise do coronavírus, cresce adesão da EAD. Crédito: Shutterstock.

    Se a  tendência  se confirmar elevado grau de  desigualdade  da EAD  deve  ficar  ainda mais  evidente – inclusive no Brasil. D úvidas  e medos   podem surgir.   

    • Alunos : podem ter dificuldade para manusear ou acessar computadores e internet fora da escola, além da falta de disciplina para gerenciar o próprio tempo e o estudo;
    • Professores : podem não ter a habilidade pedagógica e tecnológica necessária para adaptar a aula presencial à EAD;
    • Instituições de ensino : podem carecer de infraestrutura de TI necessária para alta demanda de aulas virtuais, bem como de currículo para orientar os professores;
    • Cidades menores : podem ter o serviço de internet sobrecarregado, e prejudicar o processo de ensino–aprendizagem.

    No Brasil, experiência com EAD dará vantagem

    Com a diretriz do MEC para que as aulas sejam mantidas de forma online, boa parte das IES pode enfrentar dificuldades e ter que agir de improviso.  

    “As  IES que não ofertam EAD muitas vezes não disponibilizam aos alunos um  LMS  estruturado de apoio ao ensino presencial . Nesse  contexto, alguns professores e alunos acabam encontrando formas de compartilhar conteúdos de forma voluntária ,  utilizando ferramentas como e-mail, listas de  W hatsApp  e  grupos em redes sociais “, avalia Fernanda Furuno , conselheira de inovação da Abed. 

    Coronavírus criou onda de aulas EAD.

    Coronavírus criou onda de aulas EAD. Crédito: USP Imagens.

    Outros exemplos incluíram aulas por áudio e vídeo , através de plataformas como Z oom, Skype, Google Hangout, YouTube e  até  Facebook L ive.  

    A   comunicação entre alunos e professores deve ser intensificada por meio do  LMS . “T odos os professores usam o AVA como suporte das disciplinas presenciais. Então eles e os alunos já estão dentro desse sistema”, Márcia Loch, diretora do Núcleo de Educação a Distância da Universidade Unigranrio, disse ao Desafios da Educação .

    A experiência permite que a IES atenda (sem desespero) o aumento de demanda de aulas remotas, uma vez que docentes e discentes já estão habituados a usar o LMS e suas funcionalidades. É o caso do o Blackboard Collaborate, ferramenta do Blackboard Learn para videoconferências que proporciona a professores e alunos uma experiência colaborativa e interativa online, podendo ser acessada por computador, tablet ou smartphone.

    “Quanto ao conteúdo”, acrescenta Jacqueline Lameza, diretora de operações EAD do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal), “o professor, de sua casa, pode fazer curadoria de conteúdo em bibliotecas digitais e na internet. Ele deve buscar fontes interessantes e confiáveis. O processo de ensino-aprendizagem, então, será feito mediante o compartilhamento desse conteúdo no ambiente virtual, por meio de ferramentas para publicação, comentários e verificação da participação do aluno.”

    Gustavo Hoffmann que é  diretor do Grupo A  (mantenedora do portal  Desafios da Educação ) e  fellow da Universidade Harvard , afirma que a experiência com EAD pode ser determinante para o sucesso da estratégia online diante do avanço do coronavírus.   

    Se a IES já operar dentro dos 40% de carga horária a distância, fica mais fácil transferir boa parte da presencialidade para a EAD diante de uma pandemia como essa do novo coronavírus.

    Hoffmann ressalta que a reprodução do ensino  presencial na EAD não se resume simplesmente a fazer uma aula por  Skype com a turma.  “E xiste tecnologia e metodologias  de ensino de ponta  para reproduzir uma sala de aula  presencial  num ambiente virtual de aprendizagem. É um desing instrucional totalmente diferente, e quem tem experiência  com certeza sai  na frente.  

    A adversidade pode gerar uma oportunidade. Uma das lições que o novo coronavírus deixa é que as instituições de ensino precisam superar a morosidade, a tradição e o medo para trás, e fazer, finalmente, um movimento forte e rápido de adoção de tecnologias educacionais.

    O combate ao vírus. E às fake news

    Até a suspensão massiva das atividades, escolas, cursinhos e instituições de ensino superior brasileiras seguiam adotando medidas  básicas de prevenção , visando atenuar a epidemia de Covid-19 . Isso inclui:

    • reforço e limpeza criteriosa de ambientes como carteiras, corredores, maçanetas e torneiras;
    • orientar os alunos lavar as mãos com frequência;
    • orientá-los também a cobrir boca e o nariz ao tossir e espirrar , de preferência com um lenço descartável;
    • procurar um serviço médico , caso a pessoa apresente (ou tenha contato com alguém que apresente) sintomas como febre, tosse e dificuldade de respirar;
    • evitar eventos e encontros com aglomerações e movimentações de pessoas.

    Gilberto Alvarez, diretor executivo do Cursinho da Poli,  preparatório para vestibular  com sedes em São Paulo (SP) ,   diz que a instituição já tem um plano de contingência estruturado para o caso d as aulas presenciais serem paralisadas  por algumas semanas . Psicólogos e pedagogos farão parte do programa.  Os conteúdos serão gravados e editados em vídeo.  Também haverá a produção de p odcasts específicos para orientar o estudo. 

    Alunos em prova: por coronavírus, IES começam a montar planos de contingência que incluem aulas EAD. Crédito: USP/divulgação

    Celso Hartmann, diretor-geral do Colégio Positivo – instituição privada  com 14 unidades em Curitiba  (PR) –, afirma que a escola já elaborou “um plano semelhante ao que praticamos no caso do H1N1  (subtipo A  do vírus da gripe conhecido como  influenza , que provocou uma pandemia global em 2009),  em que a escola parou por duas semanas”, caso a instituição precise ser fechada  

    A cobertura dos casos do novo coronavírus e da Covid-19 pela imprensa tem sido feita  em tempo real. O Ministério da Saúde criou um site e um app, disponível para Android e IOS. Em nível federal, foi criado um Centro de Operações de Emergência , que reúne representantes das áreas da saúde, assistência e educação.

    O  número atualizado de escolas fechadas   devido ao novo coronavírus pode ser conferido no site da Unesco.  Já a Organização Mundial da Saúde  concentra as atualizações sobre os  índices mundiais de infecção .  

    Por Leonardo Pujol

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